terça-feira, 5 de outubro de 2021

A CASA

Imagine que você possua um imóvel, bem localizado, um tamanho espetacular, uma vista linda. Totalmente mobiliado com móveis e equipamentos de primeira linha.

Agora imagine que você tenha um amigo interessado nesse imóvel. Ele pergunta se você o venderia e, por qual valor você o venderia.

Vamos supor que o valor, com tudo o que tem dentro, seja 1.000. E a manutenção da casa gire em torno de 50.

É um valor muito alto para o seu amigo, ele só tem 400.

Um dia, você não está fazendo nada, lembra da conversa e começa a fazer umas contas, só pra passar o tempo:

E SE você vendesse separadamente para outras pessoas: 

- a geladeira duplex power freeze;

- Todos os móveis da casa;

- sua coleção de livros, discos, miniaturas;

- garrafas de vinho premiadas;

- quadros;

Com essas vendas, você receberia por volta de 200;

A casa, com TVs de 70 polegadas em cada quarto e na sala e na sacada.... Você vende todas elas, cancela o pacote premium da TV por assinatura, diminui os dados da internet..., e ainda economiza quase 10 nos custos com energia elétrica;

Sua faxineira, há anos trabalhando pra você, é trocada por uma menina mais nova (ou uma empresa especializada em terceirização), recebendo um salário bem menor do que a anterior...

Uma das vagas de garagem, até então vazia, é alugada ou/vendida para outro morador....

No final das contas, você conseguiria, com essa estratégia, receber uns 500 com as vendas e ainda diminuir os gastos por volta de 100 por mês.

Todo o dinheiro que você receber, obviamente você investe, em imóveis, ações, tecnologia...

Você então reencontra seu amigo e diz pra ele que, se ele quiser comprar a casa sem todo o luxo dentro dela, você a venderia por 500. 

A casa continua grande, linda, com cara de nova. Só custa 450.

Dá para o amigo comprar, colocar uns móveis razoáveis, baratos e alugar quartos para estudantes (talvez de religião 😉)...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

UMA HISTÓRIA DE QUALQUER UM OU DE NINGUÉM


A queda inevitável,
A noite interminável,
A dor incontrolável,
A tristeza inconsolável.

A palpitação intermitente,
O cansaço permanente,
O interesse inexistente,
A carência deprimente.

O desespero de quem sente, de quem mente.

A solidão irreparável,
O ato irresponsável,
O ar irrespirável,
O fim... inevitável.

domingo, 3 de julho de 2016

EU, VOCÊS, NÓS

Ele se recorda dos dias bons,
E sobreviveu aos dias ruins,
Enxergou as cores dos dias vividos, encontrou a si mesmo em tantos caminhos.

Ela passou os dias pensando nos dias que ainda estavam por vir,
Ela não viveu os dias passados,
Abriu mão do dia de hoje... caminhou sem deixar pegadas.

Ele parou no tempo, acorda sempre no mesmo dia,
Percorre os mesmos caminhos, revive os mesmos momentos.

Visitando os mesmos lugares, deixou de buscar novas paisagens.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

COM OU SEM VOCÊ

Eu ainda amo você.
E todos os dias penso em você.
Não há nenhuma canção que não fale de nós dois... sobre o antes, sobre o depois.

Eu ainda sinto a sua falta.
A saudade que maltrata... ingrata!

Imagino os seus passos,
Quem hoje tem você nos braços?

Quem te faz brilhar os olhos?
Para quem está sorrindo?
Com quem anda dividindo
Os seus carinhos, o seu amor?

Eu ainda estou aqui, esperando entender, 
esperando acontecer.
Vendo o tempo passar, 
do anoitecer ao amanhecer,
Passando o tempo a questionar
Se o que eu vivo hoje é o que eu mereço ter
Ou se é apenas uma fase até eu voltar a viver...
Com ou sem você.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

OUTRA DIREÇÃO

Seguimos juntos o mesmo caminho, 
Porém não consigo enxergá-lo da mesma maneira que você.
Não estou acostumado a não ter o controle, não controlo meus reflexos. 
Sinto-me preso;

Sigo ao seu lado, atento a tudo, a todos os sinais.
A conversa diminui minha insegurança, mas também confirma nossas diferenças.
Já estive do outro lado, porém isso não ajuda,
Tento, com carinho, sugerir uma atitude diferente;
Aceito, com dificuldade, sua maneira de conduzir.

As horas passam rápido, as histórias se multiplicam.
O tempo, as risadas e os momentos aliviam, finalmente, a tensão.

Perto do fim da estrada, olho pra você com carinho,
E lembro do caminho que juntos percorremos.
E então percebo que, quando eu chegar ao destino final, 
Certamente sentirei falta da estrada, desejando que ela tivesse sido um pouco mais longa.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

ESCONDERIJO

Não adianta, atrasado, alienado.
Quanto sono, estou cansado.
É preciso fazer o que melhor faço.

Ainda é cedo, está na hora. É agora!
Apago as luzes, encaro os fatos,
Deixo o bom senso de lado e te abraço.

Uma, duas, três,
Talvez mais, talvez seis.

Enquanto aguardo o efeito desejado,
Penso no presente, relembro o passado,
E, num instante, no breu desabo, sinto meu corpo relaxado.

Uma, duas, três,
Talvez mais, talvez seis.

Acorda, Roger Smith! Abra os olhos, desperte, aguente!
Um dia igual, normal... somente,
Queria aproveitar mais o pouco que restou,
Pra não esquecer o que faço de melhor.

O tempo passa, ao meu redor tudo se repete,
O cansaço, os pesadelos... a coragem que se esvai.
Abro a porta, fecho os olhos,
A vontade me domina, me vence, me convence,
Que está na hora de partir novamente.

E lá vamos nós para uma nova viagem,
Volto pro meu lugar, meu refúgio, meu esconderijo,
Onde o destino se perde no caminho,
Onde me perco, onde me acho... sozinho.

Quando, mais tarde, novamente desperto,
Em meio a loucura e a semi lucidez do momento,
Vivo entre querer que esse ciclo termine,
E torcendo pra que meu sol ilumine.

Uma, duas, três,
Talvez mais, talvez seis.



terça-feira, 5 de maio de 2015

QUANDO ÉRAMOS AMIGOS

Quando éramos amigos, eu podia te olhar
te abraçar e sorrir ao seu lado
De mãos dadas, conversávamos sobre nós e sobre o mundo

Quando éramos amigos, não havia medo,
tudo podia ser dito e feito
E o tempo não era tão cruel quando estávamos separados

Antes era diferente, agora está tudo diferente.

Ontem éramos amigos,
E hoje não te olho mais nos olhos,
Não consigo ser eu mesmo
e já nem sei mais quem sou.

A sinceridade se foi,
e as frases não se completam naturalmente.

Eu tento entender, te mostrar tudo o que sinto
Mas não encontro as palavras, o silêncio constrange
a saudade sufoca, sua ausência machuca
A distância incomoda, não consigo esquecer

Queria te falar dos meus sonhos
mas passo as noites em claro
Contando as horas para estar ao seu lado
Torcendo pra que a magia não tenha acabado

Meu dia agora é curto, não tem mais 24 horas
Só começa quando eu te vejo
e acaba quando você vai embora

Um beijo nos separou, um beijo nos uniu
E quando abrimos os olhos, nos vimos refletidos
com as mesmas dúvidas, mesmos medos e desejos
E nos meus delírios eu sei que é tudo verdade

Antes era diferente, agora está tudo diferente.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

DESCRIPTIO

Sou eu, ou sou um outro alguém, não sei quem... eu não sou ninguém.
Eu não tenho dono, não pertenço a ninguém,
Eu não sou triste, tenho a tristeza em mim;
Eu sou mais feliz do que todos vocês.
Sou quem quero ser, eu sou hoje ou quando quiser.
Eu sou paixão, verdade, depressão,
Sou perdido, sou caminho, sou confusão.
Sou explícito, sou direto, sou convicção,
Sou uma mentira, sou a contradição.

Descrevo todas as cores no cinza ao meu redor.
Não tenho tamanho, não sou pior... ou melhor.
Com os olhos fechados, enxergo tudo o que não me cega
Minhas ideias sem sentido, meus cenários reais e surreais.
Minhas mensagens secretas, meus 'para sempre' e os meus 'jamais'
A alegria sincera, a mentira bem contada
O personagem fictício que vive na sua casa.

Eu sou a peça que falta no seu quebra-cabeça.
Eu sou vazio, sou vago, sou deserto, sou certeza.
Não posso ser rotulado, temos tanto em comum.
Sou muitos, sou todos, e às vezes não sou nenhum.
Inspirado, pobre plágio, repetitivo, original
Um pensamento, um poema, um desabafo natural.
Não sou quem eu sou, não sou o que você vê
Sou a metáfora, o escracho, manipulo você
Sou ladrão de mim mesmo, um alguém sem valor
Criador, criatura, pecado e pecador.

Histórias mal contadas, histórias de amor
Humor negro, abstrato, eterno fingidor.
Rimas, métricas, sentidos, espaços
Mistura de ideias, invenção de fatos
Sou homem, menino, sou forte, sou fraco
Sou um cão vira latas, um monstro, uma farsa,
Um rato, um herói, um chato sem graça

Sou sonho, ilusão, devaneio, delírio
Sou dócil, inocente, sou frio, sombrio.
Sou tudo de um pouco, incompleto, inacessível
Viciado, usado, corruptor, incompreensível
alienado, moribundo, um lugar qualquer do mundo
Sou silêncio, barulho, sou mudo
Sou eu: um pouco de tudo....

quarta-feira, 25 de março de 2015

HOW CAN I?

How can I tell you that you're amazing?
How can I measure all my love for you?
How can I explain to you these feelings?
How can I prove to you that it's all true?

How can I ask you to be with me?
How can I show you how much i need you?
How can I tell you that i miss you?
What can I do to show you all i wanna do with you?

How can I? How can I? How can I prove my love for you?
How can I? How can I? What can I do to always be with you?

sexta-feira, 6 de março de 2015

TEMPOS IGUAIS

Ontem te conheci, olhei pra você, você olhou pra mim e logo me ignorou;
Ontem eu observei com inveja a coragem daquele que de você se aproximou, 
Ontem eu fiquei com raiva, pois seu coração a ele você entregou, 
Ontem você começou seu sonho, e fazendo isso, parte do meu acabou.

Hoje, finalmente, eu te falei quase tudo o que sempre quis, desde o dia em que te conheci.
Hoje você sabe que eu te amava, e te ignorava por não saber como agir.
Hoje me arrependo de não ter tentado, ter simplesmente deixado você partir;
Hoje queria você do meu lado, seu abraço apertado. Queria você aqui.

'Amanhã vai ser outro dia', dizia Chico - Vai passar,
Amanhã certamente vou me questionar se fiz certo ao me declarar,
Amanhã, minha amiga, não tenha dúvidas, nada vai mudar,
Amanhã, como ontem e hoje, ainda irei te amar.

quarta-feira, 4 de março de 2015

O CONTO DO MÉDICO ÁRABE



Cinco e pouco da tarde de uma quinta-feira; estávamos saindo do trabalho, eu e mais uns 4 ou 5 amigos. O dia estava bonito e o sol ia aos poucos desaparecendo atrás dos belos prédios da zona sul de São Paulo.


Estávamos falando cada um sobre alguma coisa sem importância quando alguém sugeriu que fôssemos tomar algumas cervejas, falar mal dos chefes ou ver algumas garotas. Algo que fazíamos há uns cinco anos, desde os meus primeiros dias de trabalho naquela empresa.


Fui o primeiro a sair, queria muito fumar um cigarro. Passei meu crachá na catraca sem parar de falar bobagens para os que estavam atrás de mim.


Acendi meu cigarro e fiquei esperando o pessoal sair.
Enquanto esperava, olhei pra avenida e achei um pouco estranho, pois naquele momento os dois sentidos da avenida estavam calmos, algo muito incomum naquele horário, não passava praticamente nenhum carro. Pensei nisso por alguns segundos, mas quando todos se juntaram novamente, lá estava eu rindo, agindo e me divertindo como um adolescente novamente, falando bobagens para os outros.


Se fôssemos para o lado esquerdo, em 50 metros estaríamos numa esquina onde, do outro lado da rua estava o bar cheio de tantas histórias de tantos encontros em tantas tardes sem fim como aquela. Se atravessássemos a avenida, logo em frente ficava o ponto de ônibus, meio de transporte que todos nós usávamos naqueles dias.


Ficamos na porta da empresa tentando decidir nosso destino, quando, do nada, uma correria começou na calçada onde a gente estava, muito perto ou no ponto de ônibus que seguia para o extremo sul da cidade. Percebi algumas poucas pessoas gritando e correndo. Tentei entender o que estava acontecendo, mas, com uma descarga gigantesca de adrenalina somando a minha covardia, saí correndo sem nem sequer olhar pra trás. Lembrei-me da avenida vazia e automaticamente comecei uma corrida, tentando atravessá-la o mais rápido possível para me esconder atrás de algum carro estacionado do outro lado, perto do ponto de ônibus, até saber o que deveria fazer.


Não vi para onde meus amigos foram, apenas um deles, que optou pela mesma tática que a minha. Estávamos distantes uns 20 metros um do outro, porém ele já estava agachado e protegido atrás de um carro. Gritou algo pra mim, mas não consegui entender por causa do barulho dos tiros que não paravam um segundo sequer.


Corria o mais rápido que minhas pernas permitiam e, quando já estava nos metros finais, quase terminando de cruzar a avenida, a pouquíssimos metros de um carro cinza estacionado onde eu já me imaginava salvo, senti algo quente atravessando meu pescoço. Perdi o equilíbrio e meu corpo caiu no chão sem nada que eu pudesse fazer.


É clichê, eu sei, mas tudo realmente pareceu acontecer em câmera lenta.


Meu rosto bateu forte contra o chão. Não lembro disso, mas sei que foi isso o que aconteceu.
Eu estava caído, de bruços; sentindo o sangue se esvaindo do meu corpo. Meus olhos continuavam abertos, olhavam parte do asfalto, e mais distante e sem foco, a catraca que eu passei sorrindo há quase uma vida atrás.


Não vi mais nada, não ouvi mais nada. E, sem ouvir meu último suspiro, morri ali, alguns instantes depois.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Crazy - Parte I

Talvez seja impossível escrever sobre você,
São muitas coisas que ninguém pode saber
Tantas razões para eu nunca te dizer
Que te amo, que não vivo sem você!

Fodeu, falei! O que acontece daqui pra frente?
Talvez você saia da minha vida, mas não sairá da minha mente,
Exagerei, e não sei agora o que eu faço
Quem sabe mentir? Reverter esse meu embaraço.

Já sei! vou dizer que é brincadeira
Ou que é amor puro, fraternal
Afinal, somos amigos há tanto tempo
E eu falar bobagens, você sabe: é tão normal!

O que não posso permitir, nem tampouco imaginar
É te perder, não poder nem mesmo te ligar
Não te ver de vez em quando, nunca mais te abraçar
Não ter mais o seu carinho, não admirar o seu olhar.

E aí? Te enganei em algum momento?
Ou você desconfiou desde o início?
Talvez não lembra depois de tanto tempo,
Que mentir é um dom, é meu maior vício.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

ALGO MAIS

É algo entre o saber e o pensar que tudo sabe;
É o sentir e o não ter palavras para descrever;
É falar quando o silêncio seria o bastante;
É saber esperar o que nunca irá acontecer;

Não se queixar dos que agem como você;
Não perder o equilíbrio quando se perde o chão;
Manter o olhar fixo sem acusar o golpe;
Não deixar de amar pelo medo da desilusão.

É sobre o tempo que não passa... devagar.
Sobre o efeito de quem perde sem apostar;
O vácuo do que és e de onde deveria estar;
O ódio que se sente por ainda se apaixonar.

Olhar tão intensamente a ponto de ignorar,
Pensar sem parar, sem sair do lugar

É tudo entre o tudo e o nada
É o nada entre o perto e o inalcançável
É a fusão do perene com o perecível,
Sou eu: derrotado, invencível.
É o início, e a intenção de nada começar,
O fim de tudo, mesmo antes de tudo acabar.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

DÉCIMA CAUSA

Pensar em você é fácil, é 'mais do mesmo', é uma rotina.
Em algum momento você surge em minha mente.
Como uma luz que, mesmo fraca, ilumina.
E ainda assim, me cega, bloqueia o que há em frente.

No entanto, te encarar é diferente,
Por maior que seja a vontade, o desejo.
Finjo que te persigo e te provoco.
Mas ainda não estou pronto pro seu beijo.
Por enquanto nada muda, tudo igual.
Planejo tudo sem nenhum planejamento,
Entre as vontades e a falta de coragem
Continuo com você no pensamento.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

MADRUGADA VAZIA

A noite passando, o sono não vem,
você foi embora. Sem volta? eu não sei.
Vou pra sacada, acendo um cigarro
Nas ruas, silêncio, sem vultos, nem carros.

A lua me olha, brilhante, calada.
Na minha cabeça: você! você e mais nada,
No peito, um vazio, um aperto sem fim.
Você me deixou, e levou um pedaço de mim.

Volto pro quarto, tento esquecer
pra distrair, ligo a TV
a mulher do filme me lembra você
é loira, bem alta, não tem nada a ver.

Desligo tudo mas não consigo desligar
E mesmo no escuro te vejo em todo lugar
A cama vazia, já é quase dia
Escuto os pássaros começando a cantar.

Já são 5 e meia, desisto e me levanto,
Preparo um café bem forte, no entanto, 
olhando pra cama, desfeita, vazia
Me lembro das noites em que eu dormia
abraçado ao seu corpo que me aquecia.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

MAIS UM DIA

...No silêncio da noite, entro na casa, escura, vazia. Acendo a luz da sala e vou direto até a cozinha; abro a geladeira e pego uma cerveja.
Caminho até a sala e me sento no sofá.
Retiro do bolso um amassado maço de cigarros. Acendo um rapidamente, num gesto de quase desespero, como se precisasse dele para respirar ou pra relaxar.
Uma longa tragada, olho pra frente e me vejo refletido na TV desligada.
Encaro o olhar que me encara e o que eu vejo não é nada mais do que uma pessoa sem nada demais.
Tento lembrar sobre o dia que passou. Procuro na memória algum momento que marcou, algum encontro, algum pensamento ou sentimento. Não houve nada, ou seja, apenas mais um dia. 


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Eu gosto de escrever

Eu gosto de escrever, mas não escrevo tanto quanto gostaria.
Eu gosto de tentar. Gosto de imaginar. Gosto de procurar.
Procuro frases, procuro idéias vagando por aí; procuro inspiração pra contar algo sem começo, meio e fim, mas com tudo misturado, que pelo menos faça algum sentido pra mim.
Queria fotografar, pintar, filmar.
Queria te contar. Contar histórias tristes com finais felizes e felizes histórias com finais tristes, histórias que existem, histórias que nunca vivi.
Queria uma história sem final. Quero um final para algumas histórias.

Eu gosto de pensar que meu jeito de pensar fará você repensar tudo o que você pensa que sabe.
Eu gosto de dançar, mas não sei dançar.
Eu gosto de cantar, mas não sei cantar.
Eu queria aparecer, mas não vai acontecer.

Não gosto de fingir, mas finjo. Finjo cada dia mais. 
Finjo pro mundo, assim como o mundo se finge pra mim.

Não gosto de você, mas você não sai do meu pensamento.
Eu gosto de você, pelo menos, neste momento.

Gosto de ser alegre, mas não sinto mais tanta alegria como já senti um dia.
Acho que gosto de mim, mas me maltrato tanto, mesmo sem gostar de me maltratar.
Quero gostar mais, não quero mais gostar.
Quero te escrever, mas isso eu nunca irei fazer.

Sendo assim, mais uma história aqui termina.
Mais uma história sem final chega ao fim.
Outras que eu nunca terminei um dia estarão aqui. Talvez com fim.

E, Sem final pra terminar.
Sem moral para pensar.
Sem canção pra se cantar.
Sem canção para dançar.
Sem amor pra dar, pra emprestar.
Sem dor para marcar,
Sem mentir, sem fingir, sem enganar.


Eu não sei escrever, mas o que fazer, se eu gosto tanto de escrever?

sexta-feira, 7 de março de 2014

Que dia triste

Valdecir se foi...
Valdecir, o irmão mais velho do meu pai.
Foi quem o ensinou bem cedo o trabalho na roça;
Foi seu primeiro melhor amigo. Talvez o maior.
Foi seu companheiro nos bailinhos na juventude.
Foi quem me batizou. E, assim, virou o 'cumpadi'.

Eu não o via com frequência, mas sempre senti um carinho muito grande por ele.

Fui ao hospital no último domingo, mas não pude vê-lo; meu pai subiu no meu lugar.
Sem saber, foi o momento do adeus entre os amigos 'cumpadis'.
Durante a visita, meu pai disse que, enquanto lhe dizia palavras de apoio, uma lágrima rolou...ele sabia que não estava só.

Eu, do lado de fora, não pude me despedir pessoalmente, mas isso não foi ruim.
Prefiro guardar na memória os bons dias, quando nos víamos, ele ainda bem de saúde, com o seu jeito: sempre quieto, humilde, simples. Onde mais ouvia do que falava.

Valdecir se foi. E um pouco da ingenuidade e da beleza do mundo se foi com ele.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

KNOCKOUT

Deu 2 passos para trás como uma tentativa de dominar a luta. Já se preparava para o passo à frente quando vieram os golpes: 3 de uma vez... sem tempo para recuperar o fôlego.
Desnorteado, em menos de um segundo soube que seu plano não havia dado certo, sua estratégia falhou.
Sentindo o chão cada vez mais próximo, sabia que qualquer tentativa de reação seria em vão.
Sua cabeça girava, tentando entender o que havia acontecido. Gritou coisas que pensava e outras sem sentido, até finalmente chegar a queda. Um baque seco. Fim da luta.
Conseguiu, com muito esforço, olhar nos olhos do seu algoz. Frios, desinteressados, indiferentes...
Resultado final: Vários pontos, 18 gramas, e repouso imediato.
Não há previsão ou intenção de uma revanche, não há planos futuros no momento.
Resta a compreensão de que o tempo passou e deixou marca em tantas outras batalhas perdidas.
E mais uma vez ficou o vazio e as dores espalhadas em seu corpo.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

MEU PRIMEIRO HERÓI


Hoje é aniversário do meu pai. 60 anos. 6 décadas.
Dessas 6 décadas, eu tenho acompanhado, às vezes perto, às vezes longe, algumas vezes através das histórias dos amigos em comum, há quase 4. Praticamente 4 se contarmos o período em que passei na barriga da minha mãe.
Fui o primeiro filho dele, o que herdou seu nome e muitas outras coisas.
Nesses nossos 40 anos de convivência, vi, vivi e aprendi tanto que não sei dizer com certeza o quanto há de mim em mim e o quanto há dele em mim. Falo sobre caráter, erros, medos, modos, etc.
Não sou muito bom de memória, mas me lembro de momentos aparentemente simples que ele transformou em marcantes na minha vida até hoje e certamente para sempre.
Não sou muito bom de memória, mas jamais esquecerei tantas situações que fizeram eu me transformar no que sou hoje. Algumas boas, outras que eu não concordava e algumas que eu ainda não concordo.

Brincamos quando eu era uma criança, mas até hoje acho que não brincamos o suficiente pra saciar a minha vontade de sorrir e me divertir ao seu lado;
Discutimos também, e, mais uma vez, acho que não discutimos o suficiente para que todas as questões fossem resolvidas;

Crescemos juntos ao mesmo tempo, com 20 anos de diferença entre nós. Fato que muitas vezes ignorávamos completamente.

Hoje é o aniversário dele, mas sou eu quem comemora.
Foi ele o meu primeiro herói, o Wil que minha mãe e eu íamos esperá-lo voltar do trabalho todos os dias no ponto de ônibus.
Foi com ele que eu aprendi o valor de um ‘obrigado’, um ‘por favor’, um sorriso;
Foi dele o primeiro aviso de que a vida lá fora cobrava por cada ato impensado. E como nós dois, e tantos outros, fomos cobrados.
Foi ele quem, talvez sem perceber, me fez pensar por mim mesmo, questionar, brigar, aceitar o inevitável e lutar pelo que eu queria, mesmo quando não era o que ele queria pra mim.
Foi ele também quem me mostrou que meu primeiro herói era humano. Errava, se perdia, perdia a coragem sem perder a essência.

Num determinado momento de nossas vidas, momento que não sei dizer exatamente quando começou, deixamos de ser pai e filho e viramos amigos, confidentes.

Lembro de tantos sacrifícios que ele teve de fazer pra que minha vida fosse melhor do que foi a dele quando era jovem.
Lembro das várias vezes que rimos juntos, choramos juntos, dos conselhos que trocávamos, das histórias impublicáveis.

Com o tempo, nasceu uma cumplicidade tamanha onde nós sempre sabíamos a quem procurar na hora de pedir conselhos, falar sobre um problema, criar um assunto para não pensar num dia triste, muitas vezes falar sobre o nada ou simplesmente desejar um bom dia ao outro. Confesso que, até hoje é ele quem faz isso me ligando praticamente todos os dias.

O tempo, esse ingrato aliado, faz eu desejar mais 6 décadas de vida intensa ao meu primeiro herói, me faz desejar estar ao seu lado todo o tempo que for possível. Porque o tempo, o ingrato aliado, também me faz sentir saudades de quando eu nada sabia e ele, às vezes, nem sempre da forma ‘certa’,  cumpria a sua tarefa de fazer de mim quem eu sou hoje.

Nunca terei palavras suficientes pra descrever meu orgulho, meu amor, meus sinceros agradecimentos por tê-lo por perto até hoje pra me ensinar tudo o que eu aprendi e que continuo aprendendo até hoje.

Feliz aniversário, meu Herói.

sábado, 8 de junho de 2013

To Delete To Forget

TO DELETE TO FORGET

Close your eyes and look inside
For the things you just can´t get
The emptiness of a whole life
To delete and to forget

Say goodbye to yesterday
And all the sorrows that you created
All the scenes are black and red
To delete and to forget

The dark shadows come and go
The painful times have just begun
For all the things you don’t regret
To delete and to forget

signs of sorrow, signs of pain
All the time, again and again
Tired of sorrow, tired of pain
Praying to have a final end

For all the things that you can’t get

To delete and to forget

terça-feira, 28 de maio de 2013

Todas as vezes

Todas as vezes que tentei, fracassei;
Tudo o que consegui, foi sem querer
Sem perceber, sem saber.

Tudo o que eu tive, eu perdi
Ou guardei em algum lugar e me esqueci
Sinto falta, e nem sei do quê.

Às vezes é difícil começar;
Às vezes é impossível continuar;
Às vezes é melhor esperar
Às vezes não dá para esperar
Às vezes não se pode parar
Mesmo quando não se sai do lugar.

Parei pra pensar no passado
Mas o passado passou e dele não me lembro quase nada
Então tentei ver o futuro
E só vi um impenetrável escuro.

Então me foquei no presente
Abri bem os olhos pra ver o que tinha à minha frente
Senti coisas que não se explicam

Senti coisas que ninguém sente.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Um novo Ano

E não é q os Maias estavam certos? o mundo (o meu mundo) acabou em 2012. Exatamente 2 dias depois que eu saí da clínica e fiquei mais lúcido. Agora é hora de eu começar a criar um novo momento, que eu vou chamar de 2013, ou ano foda, ano duka, ou qq coisa assim. Vou com calma, fazendo uma coisinha de cada vez, aceitando as mudanças, as surpresas, a ansiedade, saudades, a distância e os reencontros, além de tudo o que o tempo deixou em mim antes do fim do mundo de 2012. Pretendo me entender pra ser capaz de entender vocês e respeitar os momentos, os medos, as crises. Ficar atento ao redor pra fazer desse ano o melhor ano para as pessoas próximas, sem entrar no mundo delas, apenas mostrando como o meu mundo pode ser beeeeem legal. E isso pra mim é o q importa...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Mais um primeiro passo

Estou partindo hoje para uma nova experiência, uma nova forma de entender o que acontece comigo.
Vou me isolar por uns dias pra tentar organizar tudo o que a vida me deu, e foi tanto que, não fui capaz de sozinho saber guardar cada coisa no seu devido lugar, dispensar o que não valia a pena, entender o significado de tudo de uma forma geral.
Ansioso por dar a mesma atenção a tudo, agradar a todos, abri algumas vezes mão de mim mesmo, guardei o passado, pensei demais no futuro, e acabei me esquecendo do presente e de mim.
Colocava todos os dias, muitas vezes sem perceber, mais peso sobre os meus ombros, dentro da minha mente e do meu coração.
Esse excesso fez finalmente eu perder o equilíbrio. Um desequilíbrio sem queda, porém deixando tudo ainda mais confuso. O que fez eu, finalmente, repensar minha forma de querer resolver essa situação.

Vou, de uma forma diferente, buscar esse equilíbrio.
Especialmente hoje, com um mundo todo nos ombros, o medo, as dúvidas, a insegurança, a ansiedade me deixam um pouco mais triste e com tudo parecendo pesar o dobro.

Logo estarei de volta, espero voltar bem melhor com todos que convivem e gostam de mim, mas, acima de tudo, melhor para comigo mesmo.
Aprender a dar o valor certo a cada momento do meu dia; aprender a me amar, e a me importar com o que realmente importa.

Eu acredito que a vida é uma viagem. Uma viagem sem volta, sem conexões, sem recompensas.
Quero aproveitar essa viagem ao máximo, da melhor maneira possível, com o máximo de histórias pra contar, sem preocupações com o destino final.
Os próximos dias são apenas mais um caminho nessa jornada.
Até breve.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ao amor na minha vida


Reconheço que menti, omiti, não fui o cara perfeito.
Não cumpri tudo o que prometi, achei que daria um jeito,
Ou que teria tempo pra me redimir;
Nessa relação confusa, intensa, presente e ausente,
Crescente, indecente. Simples, simplesmente.

O tempo que desgasta, hoje nos afasta, faz de nós o que não somos.
Reconheço que falhei. Mas só poderia ser com você;

Reconheço que menti. Que pra não magoar, omiti.
Tentei mostrar o meu jeito, as dúvidas, as dores, o aperto que sentia no peito,
Tudo o que havia dentro de mim.
Sabia que seria difícil, mas não tive sucesso, não consegui,
Era como atravessar um muro de concreto,
Mas, de concreto, só a certeza de que não fiz do jeito certo.

Hoje procuro um pretexto, coragem, sentido,
Procuro os motivos, as razões e as conclusões,
Junto com isso vêm meus medos, saudades, recordações.
Mas, dentro do contexto, depois de tudo o que foi dito e feito,
A distância parece ser a solução, pra causar um novo efeito.
Talvez uma prova de respeito, por tudo que recebi e não soube retribuir.

Talvez seja a hora do recomeço, repartir o ‘irrepartível’.
Dividir o indivisível. separar os sentimentos tão confusos no momento, 
pensar num novo início, no meio de tudo isso.
No difícil compromisso de prometer que é o caminho certo.
Na única certeza de que as lágrimas um dia secarão em você, e em mim.

Eu te amo, minha amiga, será pra sempre o amor da minha vida.
Agradeço por tantas coisas, que precisaria de outra vida,
Só pra descrever todo o bem que você me fez.

Minha mente, tão perdida, fez eu perder você de mim.
Talvez seja um ‘até logo’, talvez seja ‘eu volto já’
Espero um dia saber te encarar, te ver sorrir,
Mas, mais do que isso, não quero mais, te fazer sofrer, te faz chorar.

Poderemos, em breve, nos encontrar, e se quiser, conversar,
Que o tempo nos deixe melhor do que estamos hoje,
Sem mal entendidos, sem dúvidas, sem medos.

Lembrarmos das águas que rolaram no caminho
Dos dias que sorrimos, choramos, conquistamos, dividimos.

Espero que tenha aprendido metade do que aprendi contigo,
Espero te fazer feliz à distância, já que por perto hoje não sou mais capaz
Quero te ver bem, inteira, em paz.

Juro que tentei, de muitas maneiras e várias vezes, ser o seu único e melhor amigo.
Quem sabe, com o tempo, pelo menos isso eu não consigo?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Lifexotan

Não tem importância, não faz diferença.
Cubra o infinito imperfeito e ilusório;
Use o bom senso: Perca o equilíbrio e caia pra dentro.

Hoje só pode haver um. Todos dizem isso ao mesmo tempo.
Gente, quanta gente neste quarto escuro da mente.
O silêncio ao redor causa um barulho insuportável dentro de mim.
Quero explodir, quero apagar, quero dormir, quero acordar.

Na hora onde tudo se cala, no rosa da bala, há calma.
Acalma as ideias, relaxa os músculos.

Não há limites, vou até onde eu alcançar.
Quero explodir, quero apagar, quero dormir, quero acordar.
Quero fugir, quero calar, quero partir, quero voltar.

Não se fala com quem não te ouve.
Não se escuta quem não tem razão.

Queria ter um caráter, mesmo que não fosse um dos bons.
Queria ter a coragem de quem se esconde sem saber.
Queria desenhar a escuridão da minha mente.
e explicar a intensidade do meu nada.

Não há sentimentos, não há emoções,
Não há crença nos sentidos, nem quando faz sentido, ou se nada faz sentido.

A solidão ilude, traz uma falsa segurança.

Vou ser sincero, eu espero:
Hoje o dia é perfeito pra falsidade em abundância. 

O amanhã me deixa feliz só de lembrar que logo será ontem.
O futuro me deixa confiante com a certeza de que logo será passado.
Tudo vem à mente, claramente, sem ordem, linear.

Tudo junto, tudo longe, tudo certo dentro de todas as incertezas.
Doces palavras vindas de dentro de uma mente cheia de gente num canto escuro.
Um buraco cheio de tudo. Cheio de todos. Cheio de nada... além de você.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A verdade?

A verdade é que nem tudo é verdade.
Clichê. Óbvio. Fato.
O clichê óbvio é um fato. Isso não é óbvio?
Saber as respostas nem sempre é suficiente;
Saber o que fazer não te faz fazer o que é preciso. Frases à la Humberto.
Não tente entrar na minha cabeça. É o último lugar que eu desejo que alguém vá.
Pra ser sincero, meu sonho é um dia conseguir sair dela.

Viu como estou cada dia mais longe? Não estou na sua frente, não fiquei pra trás. Mas me afasto sempre um pouco mais.

Finalmente consegui começar a escrever. Fazia tempo.
Penso nisso (também) todos os dias.
Penso em você(s) todos os dias. As palavras, pessoas, situações, medos... e por aí vai, sempre, sem parar.

Eu não busco a verdade, nem a minha, nem a de ninguém.
Não saberia dizer hoje o que eu quero, ou se ainda penso em querer algo.

Simplesmente espero, mas não espero por nada, não espero por ninguém.
O foco está fora. Ou são várias lentes, cada uma num lugar, num espaço, num tempo diferente.
Não há ordem lógica, mas tudo se encaixa.
Ou quase. Adoro minhas bobagens; adoro minhas edições mentais.
Eu sei tudo o que está escrito aqui. Sei o peso, a dor e o exagero em todas as frases.
Talvez um dia traduza tudo isso com todos os nomes reais.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Autobiografia

Começo hoje a escrever minha biografia.
Já pensei num título: "I, WILL: UM BABACA FILHO DA PUTA, MAU CARÁTER E METIDO À BESTA".
A maioria das histórias será contada apenas a partir do meu ponto de vista, já que muitos que conviveram comigo não querem nenhum tipo de contato..
Muita coisa já foi contada em conversas de bar, mas garanto que ainda existe muito material inédito para o grande público (oi?).
Ao final da leitura - isso se alguém chegar a comprar um exemplar - certamente saberão as razões que me fizeram ser assim. Alguns pobres infelizes poderão até pensar em me perdoar, ou simplesmente compreenderão minha falta de personalidade, minhas fraquezas e a eterna mania de querer chamar a atenção.

A infância pobre, os problemas familiares, os casos amorosos, o contato com as drogas, a prisão...

Pretendo fazer como Anthony Kiedis em sua biografia: contar tudo como foi, citando os nomes reais dos envolvidos. Isso justifica ainda mais o título do livro.

domingo, 1 de abril de 2012

Hoje

Hoje eu acordei com uma tristeza que há muito tempo não sentia.
Não há motivo aparente, não tem explicação... eu acho.
Hoje, a vontade é de me isolar do mundo, das pessoas, de tudo; me trancar dentro de mim e ficar apenas com as vozes na minha cabeça; as vozes que nunca se calam, que nunca me deixam.
São esses os dias em que eu me dou conta do quanto não tenho controle sobre nada. Do quanto sou refém das situações que eu mesmo criei.
Esses também são os dias que eu mais sinto vontade de escrever. Mesmo sem saber o que dizer e nem pra quem dizer, se é que exista um alguém que entenda tudo isso.
Eu sei que esse dia em breve vai acabar e a tristeza voltará pra dentro de mim. E então serei capaz de usar as máscaras que uso há tantos anos, fazendo com que, num dia ‘normal’, até eu fique na dúvida se a máscara que eu uso na verdade não é essa de hoje.

sábado, 26 de junho de 2010

A chuva

Há anos que não chovia naquele lugar pálido e afastado de tudo. Um lugar outrora considerado tão promissor. Mas isso foi há muitos anos, e ninguém sabe dizer ao certo o que houve de errado.
Foi um longo período de clima seco, sem flores, sem cores; sem vida.
Mas ele sentiu que havia algo diferente de uns dias pra cá. E então, numa determinada manhã, ele teve uma estranha sensação. Mas não sabia bem o que era.
Quando abriu a janela, espantou-se; viu ao longe uma enorme nuvem escura, carregada.
Esfregou seus olhos para ter a certeza de que não era mais uma ilusão, mais um delírio. Sua saudade da chuva às vezes era tanta que ele poderia estar imaginando novamente.
Mas, para seu prazer, realmente havia uma nuvem, uma nuvem de chuva! Ela estava lá, e se aproximava rapidamente e, em poucos segundos, grandes e abundantes gotas começaram a cair do céu. E a chuva logo aumentou, transformando-se numa linda tempestade.
Ele correu porta afora e, feliz como há muito não se sentia, ria e chorava, soluçava alto, levantava os braços, sentindo cada gota penetrar seu corpo e sua alma adormecidos pelo tempo.
Ficou nesse estado de êxtase e deslumbramento sem saber por quanto tempo, até que a chuva parou, da mesma maneira que começou: repentinamente.
Ele olhou para o céu, e ele já estava azul novamente, sem nuvens e sem sinais de que voltaria a chover tão cedo.
Então, voltou pra sua casa e deitou-se no chão da sala, com seus cabelos e suas roupas ensopadas.
Estava triste, mas também estava feliz.
Sabia que em breve sua roupa secaria, e que o cheiro da chuva logo desapareceria, e decidiu aproveitar até o fim as marcas que a chuva deixou nele, e torceu para que um dia voltasse a chover sobre ele novamente.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

JUST ANOTHER DAY


Ele acordou triste naquela manhã. Não queria falar com ninguém.
Estava sozinho em casa, todos haviam saído. As crianças na escola, a esposa foi pra academia e em seguida para o trabalho.
Não precisava trabalhar, ganhara uma folga naquela quarta-feira cinzenta.
E esse foi o grande momento do dia. Só o fato de estar longe daquele lugar, daquelas pessoas, um sorriso quase apareceu em seu rosto.
Naquele dia não teria que fingir estar bem, não teria que forçar um sorriso ou – o pior de tudo – dar explicações sobre seu silêncio.
Mas, ao mesmo tempo queria ouvir, pois nunca foi um apaixonado pelo som do nada.
Passou tanto tempo falando com os outros, na esperança de que um dia alguém falasse as mesmas coisas pra ele. Em vão. Nunca foi assim e também não seria naquele dia.

Estava sem fome, mas foi até a cozinha preparar o seu almoço.
Almoçou pouco; almoçou sozinho.
Abriu uma garrafa de vinho e ficou pensando, conversando sem palavras com seus dois companheiros: o copo - sempre cheio - e o cigarro. Não era bom, mas também não era totalmente desagradável.
Quando anoiteceu, todos já estavam em casa, e ele continuava quieto, muito diferente da maneira que sempre fora. Não houve piadas, não houve perguntas sobre o dia de ninguém e nenhuma demonstração de afeto e/ou interesse.
Ele pensou nisso, mas achou que, depois de tantos anos sempre indo ao encontro de todos para abraçá-los, seria bom se o oposto ocorresse, principalmente naquele dia, onde a tristeza o invadia de maneira arrebatadora.
Mas ninguém se aproximou.
Talvez seus filhos tenham percebido, mas a lição de casa, o banho e o videogame, mais a falta de maturidade para compreender, fizeram com que eles não tomassem nenhuma atitude.
Talvez sua esposa também tenha percebido, mas ela teve mais um dia cheio: acordou cedo, levou os filhos pra escola, correu para a academia e da academia para o trabalho. Trabalhou sem descanso e ainda teve aula no curso que estava justamente em semana de provas. Pra piorar, precisava ainda cuidar da casa que, segundo ela, estava sempre uma 'zona', arrumar o jantar, colocar a roupa pra lavar, tomar um banho e dormir logo para enfrentar tudo de novo no dia seguinte. Não houve tempo e nem oportunidade de olhar para o marido.
Mas é quase certo que não seria capaz de perceber aquele olhar triste e vazio.

Afinan, já um relacionamento longo, quase duas décadas entre namoro, noivado e casamento. Os dois se conheciam tanto e há tanto tempo que já não havia nada que eles pudessem conversar um com o outro.
E passando a maior parte do dia com tantos amigos descartáveis, não havia motivo para conversar sobre futilidades em casa.

Ele foi até a sacada do apartamento, acendeu um cigarro, encheu outro copo de vinho e ficou contemplando o céu eternamente nublado de São Paulo.
Pensou em tudo o que conquistou nesses 40 anos de vida e tentou pensar nos próximos 40; quais eram seus planos, seus sonhos e suas motivações para continuar. Mas continuou vendo apenas a escuridão.
Pela primeira vez, um sorriso surgiu em seu rosto, mas era um sorriso de sarcasmo, de alguém que não chegou nem perto do que planejou 20 anos antes, no final da faculdade, nos primeiros anos do casamento, no início da vida profissional.
Não conheceu o mundo, não ficou famoso, nem rico e nem teve o respeito daqueles que o cercavam.
Quando voltou para dentro de casa as luzes já estavam apagadas.
Passou pelo quarto dos filhos e seguiu direto, sem dar o beijo de boa noite que dava todas as noites desde quando eles nasceram.
Foi até a cozinha, pegou a garrafa de vinho e despejou o restante em seu copo.
Entrou em seu quarto. A TV estava ligada, porém viu que sua esposa já estava dormindo profundamente.
Abriu a gaveta do criado mudo e pegou uma cartela de remédios que ele às vezes tomava quando não conseguia dormir; colocou todos na mão e os tomou dando um longo gole de vinho.
Seu último pensamento antes de adormecer foi que certamente o dia seguinte seria muito diferente para todos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pássaros, Perfumes e uma Mercedes Benz

Quanto eu tinha de 10 para 11 anos, isso lá em 1985, estudava com mais 3 garotos; éramos conhecidos como “Os Baixinhos”. Já falei sobre eles num post anterior: O Tata, os Gêmeos e eu.
Nunca cabulamos nem uma aula sequer, muito dificilmente algum de nós faltava. O nosso negócio era bagunçar dentro da escola mesmo.
Tinha um quinto cara que estudava com a gente que era todo estiloso - infelizmente não estou conseguindo me lembrar do nome dele agora. Ele era o único que tinha um irmão mais velho. Portanto era ele quem trazia as novidades pra gente: uma roupa diferente, uma gíria nova, um som bacana.

Acho que nunca conheci esse cara pessoalmente, - dizem que ele chegou a namorar naquela época a cantora Rosana - 'Como Uma Deusa', lembram? - mas ele me apresentou, através do irmão dele, duas coisas que foram importantes e fundamentais para a minha formação: Foi a primeira vez que ouvi o “Rock sujo”, como Janis, Doors, Pink Floyd e outras coisas do tipo, umas que nunca mais ouvi e que não tenho a menor ideia de o que eram. Foi também a minha primeira experiência com as 'drogas', que se resumiam a um lança-perfume e a cola, o primeiro com uma certa frequencia desde o começo. A maconha, minha terceira droga, veio muitos anos depois.
Quando nosso amigo não ia pra escola – esse sim faltava muito – ou quando não conseguia arrumar o 'lança', íamos a uma casa de material de construção e ficávamos cheirando Cola Tigre. Ridículo!
Todos diziam que dava barato, mas tenho certeza que ficávamos apenas com uma puta dor de cabeça, mas não tínhamos coragem de assumir.
Algumas vezes a gente molhava as mangas do uniforme e ficávamos zonzos. Minutos depois estávamos na sala de aula fazendo a bagunça costumeira: guerra de papeis, pedaços de borracha soprados pelo caninho da caneta e algumas afrontas contra um ou outro professor. No recreio a já tradicional guerra de ovos cozidos. Acho que conheci, no máximo, 10 pessoas que realmente comiam os ovos. Eles não eram servidos pra isso.
A maioria da escola sabia, até porque não tínhamos a intenção nem a capacidade de esconder de ninguém. Na verdade, gostávamos de ver as pessoas nos olhando, umas com cara de admiração, outras com medo e outras com indiferença. O que nos importava era chamar a atenção. Porém ninguém nunca nos falou nada sobre isso.
Lembro-me que uma vez, durante uma prova, eu estava tão fora do normal que eu havia entrado na sala com a manga ensopada, cheirei na frente de todos e me levantei umas duas vezes pra conferir com um aluno se a resposta dele estava correta, pois a minha eu sabia que estava. A professora, talvez assustada ou apenas indiferente com mais um 'futuro delinquente', não fez absolutamente nada.
O Tata e eu éramos os mais inteligentes da nossa turminha. Tirávamos boas notas e nos dávamos bem com todos da escola. Hoje não sei dizer o que aconteceu com nenhum deles. Perdemos totalmente o contato.
Num determinado momento daquele ano letivo, surgiu a brincadeira de desenhar pintos na cadeira dos outros, ou 'passaralhos', pois era mais engraçado ainda quando alguém sentava sobre um pinto com asas. - Ah, que saudade dos tempos que eu ria de coisas como essa!
Eu confesso que já havia feito um ou dois desenhos. Mas havia entre nós um acordo de nunca fazermos desenho em carteiras perto das nossas pois - obviamente - nunca desconfiariam de alguém do outro lado da sala, certo?
Porém, havia na nossa classe um menino, cara de bobo, jeito de bobo, totalmente bobo que se sentava atrás de uma menina chata, cara de chata, jeito de chata, totalmente chata, metida à besta com seu narizinho empinado. Eu me sentava bem ao lado desse garoto. E ele, tão imbecil quanto todos nós, também fez o desenho do pinto voador, mas o fez na cadeira da chatinha, que por alguma razão não estava na sala. Ele, rindo - e quando ria ficava com mais cara de bobo ainda - disse para eu ver o que ele havia feito.
Por alguma estúpida razão, eu me abaixei, ainda segurando o meu lápis que usava para alguma atividade, fui ver de perto a 'obra-prima'.
Exatamente nesse momento, a garota entra na sala; nossos olhares se cruzam, ela se aproxima, não consigo disfarçar, ela olha para a cadeira, para minha mão trêmula segurando o lápis preto e no mesmo instante chama a professora para ver o que EU havia feito.
Falei que não havia sido eu. Chorei, jurei por Deus, pelos meus pais. Mas de nada
adiantou. Fui mandado pra diretoria.
Se houve algo 'nobre' foi que eu não entreguei o imbecil que fez o desenho, porque senão a coisa poderia ser pior, eu viraria o 'dedo-duro' e isso seria pior ainda.
Então, na verdade, foi mais uma questão de sobrevivência e também - por que não admitir - aquele velho desejo de chocar e chamar a atenção.
Minha mãe foi chamada. Ouvi um sermão, Tomei advertência, um dia de suspensão e umas chineladas quando cheguei em casa.
Condenei a todos. Eles foram injustos comigo. Não acreditaram em mim. Minha palavra naquele momento deveria ser considerada mais do que o que as provas que eles tinham. E eu achava que meu histórico não deveria ser usado naquele caso.
Mas com isso aprendi a tentar ser sincero sempre, para ter a humildade de reconhecer meus erros e a determinação de me defender quando houver necessidade.
Tenho conseguido os dois na maioria das vezes, mas ainda tenho - e sempre terei - essa maldita fome de atenção e um passado que pra sempre irá me condenar, não importa o que eu faça.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A minha parte em cerveja, por favor...

Essa frase não é minha. É de um amigo que tenho o prazer de trabalhar de vez em quando.
Viajamos juntos a trabalho algumas vezes e, no final do 'expediente', é regra básica irmos a algum lugar pra jantar, contar histórias, bater papos filosóficos e, de quebra, tomar uma cervejinha (no caso dele, um pouco mais do que uma).
Nesse quesito, ele é imbatível. No fim da noite - praticamente de manhã -, ele se levanta e caminha quase como se tivesse tomado apenas suco a noite inteira.
Porém, ele tem algumas manias quando sai para beber com os amigos muito peculiares. A primeira é a de fazer questão de ser o último cliente a deixar o estabelecimento. Presenciei isso três vezes: a primeira em Campo Grande, a segunda no Sushi do Padre e a terceira há alguns dias, em Presidente Prudente, onde fomos transmitir mais uma emocionante partida do Campeonato Paulista.
Viajamos na noite anterior. E assim que chegamos, já fomos perguntando para o nosso motorista onde havia um bar legal por ali. Ele nos recomendou o 'Senhor Boteco', um point legal, cheio de molecada de faculdade, com som ao vivo e porções baratas e muito boas.
Assim que chegamos, eu pedi o cardápio e ele pediu a cerveja.
Bebemos e conversamos muito. Muitas histórias engraçadas, mas que infelizmente não poderão ser contadas aqui.
Depois de um tempo ele me pergunta: Will, que horas são? Eu respondo que são pouco mais de duas da manhã. Ele diz que ainda está cedo e continuamos a conversar. Sem entender nada e já ligeiramente zonzo - eu já havia tomado quase um copo - não perguntei o que ele quis dizer com aquilo.
Mais um tempo de conversa e eu, um pouco mais bêbado, ouço ele me perguntar novamente as horas. Eram 03h45. Ele diz: "Tá na hora! Empresta o seu telefone. Preciso ligar para minha namorada." Pergunto se ele realmente vai fazer isso e ele responde que ela já estava acostumuada. Dei o telefone a ele e, assim que ela atendeu, ele começou a fazer declarações apaixonadas - e alguns comentários mais picantes - para a coitada, que estava adorando, por incrível que pareça.
Quinze minutos de conversa e ele desliga. Pagamos a conta. Nos despedimos do dono do bar, de sua noiva que cuidava do caixa e do Cleber, o garçom que ficou até aquela hora por nossa causa. Prometemos que voltaríamos na noite seguinte, logo após o jogo.
Como prometido, assim que terminou o jogo, por volta da meia-noite, lá estávamos nós com uma porção de frango à passarinho e uma cerveja super gelada na mesa. E, novas histórias, mais risadas, críticas à banda que estava tocando e garrafas sendo esvaziadas numa velocidade impressionante.
4 e meia da manhã, mais uma vez apenas nós 5. Digo ao meu amigo que está na hora.
Pego o telefone, procuro o número na memória e faço a ligação.
Uma doce e sonolenta voz atende e diz: "Oi, meu amor"; eu respondo: "Oi, mas aqui é o amigo do seu amor. Tô ligando só pra dizer que gosto muito de você e que você não merece isso".
Ela deu aquela risada gostosa que eu já conhecia, e eu completei: "Parabéns! Como se não bastasse um bêbado te ligando de madrugada, agora você tem que aguentar um outro imbecil te enchendo o saco!"
Convesamos por alguns minutos - eu acho -, passei o telefone para o meu amigo que ria sem parar e combinamos que, a partir daquele dia, ligaríamos pra ela toda noite no final da balada.
Esta sim, é uma forma original de mostrar amor e admiração.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Acho que estou voltando....

Quanta saudade deste lugar!
Como eu gostaria de visitá-lo mais vezes, falar sobre todas as coisas que se passam na minha cabeça.
Adoraria ter o dom de descrever tudo o que vejo e sinto com mais frequencia. Até porque vejo e sinto as mesmas coisas de maneiras totalmente diferentes de um dia para outro.
Meu último post foi no final de novembro do ano passado. Muita coisa aconteceu nesses mais de quatro meses. Nada de excepcional, mas uma ou outra nova experiência. Uma ou outra história bonita, ou engraçada, ou curiosa, até mesmo triste. Talvez hoje eu não seja mais capaz de descrevê-las. E isso me deixa frustrado.

Não sei ser um bom amigo. Nunca soube. Penso em todas as pessoas que eu quero bem, mas fico muito tempo sem procurá-las. Não telefono, não respondo e-mails, não visito ninguém - não me sinto bem na casa dos outros.
Mas, mesmo passando muito tempo, sempre acabo voltando pra ver, rever, viver e reviver pessoas e lugares especiais.
E o meu Jardim é, sem dúvida, um lugar muito especial.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ascenção profissional

Numa certa manhã, o chefe chega para o seu funcionário e diz:
- Parabéns, Mário.
- Por que? - pergunta espantado o rapaz.
- Como você sabe, o Sêo Paulo, que cuidava dos negócios internacionais da nossa empresa há 10 anos, foi promovido e a partir de hoje você está sendo transferido para o lugar dele.
Feliz e emocionado, Mário responde:
- Muito obrigado pela oportunidade, chefe. Prometo não desapontá-lo.
- Eu sei disso, porém, suas responsabilidades serão muito maiores a partir de agora; saiba que você saiu de um lugar com pouca expressão na empresa para fazer parte de um setor que não para de crescer. Você será muito cobrado. Aqui, nós temos prazos a cumprir e objetivos a serem alcançados.
- Sem problemas. Gosto de um desafio e farei de tudo para alcançar os objetivos. E qual cargo eu ocupo agora?
- Você continuará com o mesmo cargo. Não haverá nenhuma alteração nesse sentido.
O rapaz acena com a cabeça e pergunta:
- Tire-me uma dúvida: no outro departamento, quando eu cuidava do setor regional, eu fazia muitas viagens e, consequentemente, ganhava muitas horas extras, sem contar as verbas que sempre sobravam e ajudavam muito no final do mês. O que vai mudar a partir de agora?
O chefe responde imediatamente:
- Agora sua função é muito mais importante, exige que você fique no escritório resolvendo muitas questões burocráticas, cuidando do relacionamento com os clientes por email e telefone. As viagens, assim como o seu antigo departamento, fazem parte do seu passado agora. Assim você terá mais tempo para ficar com sua família. Uma coisa que não vai mudar é que você continuará trabalhando nos finais de semana, pois o domingo aqui não é domingo em outros países.
O chefe riu da sua piada.
- Isso realmente é muito bom, chefe. Nem sempre é bom passar tanto tempo fora de casa longe da mulher e dos filhos. E quanto aos fins de semana, não tenho problema em continuar trabalhando aos sábados e domingos. Só o fato de poder dormir toda noite em casa já é muito bom. Mas, desculpe-me se estou adiantando o próximo assunto, mas, só pra saber, nessa nova função quanto o meu salário será reajustado?
- Como assim? - perguntou o chefe mostrando certo desapontamento - Acho que houve um mal entendido. Na verdade o que está acontecendo é uma transferência de setor, um remanejamento de funcionários. Com a saída do Felipe, precisávamos de alguém para ficar no seu lugar, e você foi o escolhido.
Mário olha para o seu chefe e pergunta, com certa irritação na voz:
- Chefe, só para eu entender: estou saindo de um lugar que desempenhava minhas funções de maneira satisfatória para a empresa para fazer um trabalho burocrático, deixar de viajar, não fazer mais horas extras e ainda por cima não ter nenhum aumento salarial? Por favor, por que mesmo estou recebendo os parabéns?

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

BANDA SIMPLES



Acabei de ouvir o primeiro CD da Banda Simples, projeto do meu amigo Tiago Moler.
Gostei bastante do som dos caras.
Todas as letras são da Lara Moler, irmã do Tiaguinho.
Provando que, na família, é ela quem tem o dom das palavras.
Tiaguinho é o baixista, mas tem ganhado muito dinheiro mesmo - por enquanto – como editor-executivo do programa Arena Sportv.

Entrem no myspace da banda.

www.myspace.com/bandasimplesoficial

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

As pessoas boas do mundo

Quando fico sabendo de histórias como a que vou contar a seguir, tenho a certeza de que há muitas pessoas boas neste mundo esperando o momento para fazer o bem.
Seja com uma palavra, um sorriso ou até mesmo com um gesto de carinho sem esperar o mesmo de volta.

Um amigo me contou recentemente que, há algumas semanas, teve que trabalhar em uma cidade próxima.
O motorista já estava a sua espera, assim como o outro colega que iria junto.
Entraram numa Topic e seguiram viagem.
Ele já estava há muitos dias sem folga, havia tido uma semana inteira de muito trabalho, muitas cobranças, poucas horas de sono e praticamente nenhuma de lazer.
Sentia-se irritadiço, mal-humorado, insatisfeito e nervoso.
Era uma tarde de quinta-feira, e teria que voltar ainda no mesmo dia, tarde da noite. Mais um motivo para estar desanimado.
Foi calado da hora em que entrou no carro até quando chegou ao local de trabalho.
Assim que desceu do carro, por volta das 17h, encontrou uma amiga que havia conhecido cerca de dois meses antes.
Ela ficou feliz em revê-lo, sorria e falava sem parar. Meu amigo, com muita boa vontade, porém sem muita paciência, tentava corresponder da melhor maneira que podia.
Num determinado momento ela parou de falar, olhou bem nos olhos dele e viu, talvez pela primeira vez, que ele não estava bem.
Pegou sua mão, e perguntou se havia algum lugar onde poderiam conversar mais reservadamente. Estavam numa calçada com várias pessoas ao redor, carros passando, vendedores ambulantes. Nenhuma privacidade.
Ele olhou ao redor, mas não havia o que fazer, não havia lugar para onde ir.
Antes que ele respondesse para ela, seu motorista, o grande Belchior, apareceu e disse que iria tomar um café na padaria e perguntou se ele não queria dar uma descansada no carro, já que haviam chegado muito cedo.
Com uma piscadinha discreta, entregou a chave da Topic e se retirou sem olhar para trás.
A moça, cheia de amor e de boas intenções no coração, pegou a chave de sua mão e seguiu até o veículo.
Os dois então entraram no carro, fez-se silêncio por um longo período. Ela estava empenhada em aliviar todo o estresse que o amigo estava sentindo.
Depois de alguns minutos, e ainda em silêncio, os dois saíram do carro.
Ele, agora mais relaxado e visivelmente emocionado, agradeceu pelo carinho; e aquele anjo bom, sorriu e afastou-se lentamente, feliz por ter ajudado mais um ser humano carente, que precisava apenas de um pouco de atenção.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Thirty-something

Hoje é o meu aniversário. 30 anos e 60 meses de vida.
Não tenho medo de envelhecer, nem de morrer. Nada disso.
Mas para mim é estranho ficar velho. Nem sempre sei como agir, ou se estou agindo da maneira certa.
Quando eu era criança, pessoas com 30 anos eram velhas. E eu não me vejo nem perto disso. E isso só aumenta minha confusão.
Não me lembro de quando deixei de ser uma criança e me tornei um adolescente; sei que sou adulto há algum tempo, mas não me lembro exatamente desde quando. E, pelo nome, sei que em breve me tornarei um quarentão. Mas será quando eu fizer 40 ou quanto eu tiver quarenta e poucos? Isso fica pra depois de 2014.
Ainda, muitas vezes, me sinto como uma criança assustada, sem saber o que fazer, e fico com vergonha de pedir ajuda, com medo de não me acharem normal.
Sei que tenho muito ainda para viver e aprender, mas é claro que sinto saudades de algumas coisas: da irresponsabilidade, dos atos impensados, das brincadeiras de infância, das constantes gargalhadas e das vezes que chorei por um amor. Mas principalmente de quando achava que já sabia tudo.
Mas a verdade é que estou vivendo o momento mais feliz da minha vida, e não trocaria por nada o dia de hoje. Tenho certeza de que, entre sucessos e fracassos, o futuro será ainda mais maravilhoso.
Quem venham mais 35!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

FERNANDA




Hoje é aniversário da minha filha.
Fernanda completa, às 22h00, 7 anos de vida.
É pequena pela idade. Provavelmente será uma baixinha linda e mandona quando ficar mais velha. Quero estar por perto pra ver isso.
É linda como a mãe, falante como o pai.
Talvez vire uma atriz, escritora ou artista.
Tem a mente fértil, gosta de criar e leva jeito para as artes.
É a mais inteligente de casa.
Ela acabou de entrar no meu quarto com sua 'filha' Beatriz. Veio trazê-la para visitar o vovô.
Agora vou brincar com ela, aproveitar seu aniversário para me dar de presente mais um dia maravilhoso.