Há anos que não chovia naquele lugar pálido e afastado de tudo. Um lugar outrora considerado tão promissor. Mas isso foi há muitos anos, e ninguém sabe dizer ao certo o que houve de errado.
Foi um longo período de clima seco, sem flores, sem cores; sem vida.
Mas ele sentiu que havia algo diferente de uns dias pra cá. E então, numa determinada manhã, ele teve uma estranha sensação. Mas não sabia bem o que era.
Quando abriu a janela, espantou-se; viu ao longe uma enorme nuvem escura, carregada.
Esfregou seus olhos para ter a certeza de que não era mais uma ilusão, mais um delírio. Sua saudade da chuva às vezes era tanta que ele poderia estar imaginando novamente.
Mas, para seu prazer, realmente havia uma nuvem, uma nuvem de chuva! Ela estava lá, e se aproximava rapidamente e, em poucos segundos, grandes e abundantes gotas começaram a cair do céu. E a chuva logo aumentou, transformando-se numa linda tempestade.
Ele correu porta afora e, feliz como há muito não se sentia, ria e chorava, soluçava alto, levantava os braços, sentindo cada gota penetrar seu corpo e sua alma adormecidos pelo tempo.
Ficou nesse estado de êxtase e deslumbramento sem saber por quanto tempo, até que a chuva parou, da mesma maneira que começou: repentinamente.
Ele olhou para o céu, e ele já estava azul novamente, sem nuvens e sem sinais de que voltaria a chover tão cedo.
Então, voltou pra sua casa e deitou-se no chão da sala, com seus cabelos e suas roupas ensopadas.
Estava triste, mas também estava feliz.
Sabia que em breve sua roupa secaria, e que o cheiro da chuva logo desapareceria, e decidiu aproveitar até o fim as marcas que a chuva deixou nele, e torceu para que um dia voltasse a chover sobre ele novamente.
sábado, 26 de junho de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
JUST ANOTHER DAY
Ele acordou triste naquela manhã. Não queria falar com ninguém.
Estava sozinho em casa, todos haviam saído. As crianças na escola, a esposa foi pra academia e em seguida para o trabalho.
Não precisava trabalhar, ganhara uma folga naquela quarta-feira cinzenta.
E esse foi o grande momento do dia. Só o fato de estar longe daquele lugar, daquelas pessoas, um sorriso quase apareceu em seu rosto.
Naquele dia não teria que fingir estar bem, não teria que forçar um sorriso ou – o pior de tudo – dar explicações sobre seu silêncio.
Mas, ao mesmo tempo queria ouvir, pois nunca foi um apaixonado pelo som do nada.
Passou tanto tempo falando com os outros, na esperança de que um dia alguém falasse as mesmas coisas pra ele. Em vão. Nunca foi assim e também não seria naquele dia.
Estava sem fome, mas foi até a cozinha preparar o seu almoço.
Almoçou pouco; almoçou sozinho.
Abriu uma garrafa de vinho e ficou pensando, conversando sem palavras com seus dois companheiros: o copo - sempre cheio - e o cigarro. Não era bom, mas também não era totalmente desagradável.
Quando anoiteceu, todos já estavam em casa, e ele continuava quieto, muito diferente da maneira que sempre fora. Não houve piadas, não houve perguntas sobre o dia de ninguém e nenhuma demonstração de afeto e/ou interesse.
Ele pensou nisso, mas achou que, depois de tantos anos sempre indo ao encontro de todos para abraçá-los, seria bom se o oposto ocorresse, principalmente naquele dia, onde a tristeza o invadia de maneira arrebatadora.
Mas ninguém se aproximou.
Talvez seus filhos tenham percebido, mas a lição de casa, o banho e o videogame, mais a falta de maturidade para compreender, fizeram com que eles não tomassem nenhuma atitude.
Talvez sua esposa também tenha percebido, mas ela teve mais um dia cheio: acordou cedo, levou os filhos pra escola, correu para a academia e da academia para o trabalho. Trabalhou sem descanso e ainda teve aula no curso que estava justamente em semana de provas. Pra piorar, precisava ainda cuidar da casa que, segundo ela, estava sempre uma 'zona', arrumar o jantar, colocar a roupa pra lavar, tomar um banho e dormir logo para enfrentar tudo de novo no dia seguinte. Não houve tempo e nem oportunidade de olhar para o marido.
Mas é quase certo que não seria capaz de perceber aquele olhar triste e vazio.
Afinan, já um relacionamento longo, quase duas décadas entre namoro, noivado e casamento. Os dois se conheciam tanto e há tanto tempo que já não havia nada que eles pudessem conversar um com o outro.
E passando a maior parte do dia com tantos amigos descartáveis, não havia motivo para conversar sobre futilidades em casa.
Ele foi até a sacada do apartamento, acendeu um cigarro, encheu outro copo de vinho e ficou contemplando o céu eternamente nublado de São Paulo.
Pensou em tudo o que conquistou nesses 40 anos de vida e tentou pensar nos próximos 40; quais eram seus planos, seus sonhos e suas motivações para continuar. Mas continuou vendo apenas a escuridão.
Pela primeira vez, um sorriso surgiu em seu rosto, mas era um sorriso de sarcasmo, de alguém que não chegou nem perto do que planejou 20 anos antes, no final da faculdade, nos primeiros anos do casamento, no início da vida profissional.
Não conheceu o mundo, não ficou famoso, nem rico e nem teve o respeito daqueles que o cercavam.
Quando voltou para dentro de casa as luzes já estavam apagadas.
Passou pelo quarto dos filhos e seguiu direto, sem dar o beijo de boa noite que dava todas as noites desde quando eles nasceram.
Foi até a cozinha, pegou a garrafa de vinho e despejou o restante em seu copo.
Entrou em seu quarto. A TV estava ligada, porém viu que sua esposa já estava dormindo profundamente.
Abriu a gaveta do criado mudo e pegou uma cartela de remédios que ele às vezes tomava quando não conseguia dormir; colocou todos na mão e os tomou dando um longo gole de vinho.
Seu último pensamento antes de adormecer foi que certamente o dia seguinte seria muito diferente para todos.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Pássaros, Perfumes e uma Mercedes Benz
Quanto eu tinha de 10 para 11 anos, isso lá em 1985, estudava com mais 3 garotos; éramos conhecidos como “Os Baixinhos”. Já falei sobre eles num post anterior: O Tata, os Gêmeos e eu.
Nunca cabulamos nem uma aula sequer, muito dificilmente algum de nós faltava. O nosso negócio era bagunçar dentro da escola mesmo.
Tinha um quinto cara que estudava com a gente que era todo estiloso - infelizmente não estou conseguindo me lembrar do nome dele agora. Ele era o único que tinha um irmão mais velho. Portanto era ele quem trazia as novidades pra gente: uma roupa diferente, uma gíria nova, um som bacana.
Acho que nunca conheci esse cara pessoalmente, - dizem que ele chegou a namorar naquela época a cantora Rosana - 'Como Uma Deusa', lembram? - mas ele me apresentou, através do irmão dele, duas coisas que foram importantes e fundamentais para a minha formação: Foi a primeira vez que ouvi o “Rock sujo”, como Janis, Doors, Pink Floyd e outras coisas do tipo, umas que nunca mais ouvi e que não tenho a menor ideia de o que eram. Foi também a minha primeira experiência com as 'drogas', que se resumiam a um lança-perfume e a cola, o primeiro com uma certa frequencia desde o começo. A maconha, minha terceira droga, veio muitos anos depois.
Quando nosso amigo não ia pra escola – esse sim faltava muito – ou quando não conseguia arrumar o 'lança', íamos a uma casa de material de construção e ficávamos cheirando Cola Tigre. Ridículo!
Todos diziam que dava barato, mas tenho certeza que ficávamos apenas com uma puta dor de cabeça, mas não tínhamos coragem de assumir.
Algumas vezes a gente molhava as mangas do uniforme e ficávamos zonzos. Minutos depois estávamos na sala de aula fazendo a bagunça costumeira: guerra de papeis, pedaços de borracha soprados pelo caninho da caneta e algumas afrontas contra um ou outro professor. No recreio a já tradicional guerra de ovos cozidos. Acho que conheci, no máximo, 10 pessoas que realmente comiam os ovos. Eles não eram servidos pra isso.
A maioria da escola sabia, até porque não tínhamos a intenção nem a capacidade de esconder de ninguém. Na verdade, gostávamos de ver as pessoas nos olhando, umas com cara de admiração, outras com medo e outras com indiferença. O que nos importava era chamar a atenção. Porém ninguém nunca nos falou nada sobre isso.
Lembro-me que uma vez, durante uma prova, eu estava tão fora do normal que eu havia entrado na sala com a manga ensopada, cheirei na frente de todos e me levantei umas duas vezes pra conferir com um aluno se a resposta dele estava correta, pois a minha eu sabia que estava. A professora, talvez assustada ou apenas indiferente com mais um 'futuro delinquente', não fez absolutamente nada.
O Tata e eu éramos os mais inteligentes da nossa turminha. Tirávamos boas notas e nos dávamos bem com todos da escola. Hoje não sei dizer o que aconteceu com nenhum deles. Perdemos totalmente o contato.
Num determinado momento daquele ano letivo, surgiu a brincadeira de desenhar pintos na cadeira dos outros, ou 'passaralhos', pois era mais engraçado ainda quando alguém sentava sobre um pinto com asas. - Ah, que saudade dos tempos que eu ria de coisas como essa!
Eu confesso que já havia feito um ou dois desenhos. Mas havia entre nós um acordo de nunca fazermos desenho em carteiras perto das nossas pois - obviamente - nunca desconfiariam de alguém do outro lado da sala, certo?
Porém, havia na nossa classe um menino, cara de bobo, jeito de bobo, totalmente bobo que se sentava atrás de uma menina chata, cara de chata, jeito de chata, totalmente chata, metida à besta com seu narizinho empinado. Eu me sentava bem ao lado desse garoto. E ele, tão imbecil quanto todos nós, também fez o desenho do pinto voador, mas o fez na cadeira da chatinha, que por alguma razão não estava na sala. Ele, rindo - e quando ria ficava com mais cara de bobo ainda - disse para eu ver o que ele havia feito.
Por alguma estúpida razão, eu me abaixei, ainda segurando o meu lápis que usava para alguma atividade, fui ver de perto a 'obra-prima'.
Exatamente nesse momento, a garota entra na sala; nossos olhares se cruzam, ela se aproxima, não consigo disfarçar, ela olha para a cadeira, para minha mão trêmula segurando o lápis preto e no mesmo instante chama a professora para ver o que EU havia feito.
Falei que não havia sido eu. Chorei, jurei por Deus, pelos meus pais. Mas de nada
adiantou. Fui mandado pra diretoria.
Se houve algo 'nobre' foi que eu não entreguei o imbecil que fez o desenho, porque senão a coisa poderia ser pior, eu viraria o 'dedo-duro' e isso seria pior ainda.
Então, na verdade, foi mais uma questão de sobrevivência e também - por que não admitir - aquele velho desejo de chocar e chamar a atenção.
Minha mãe foi chamada. Ouvi um sermão, Tomei advertência, um dia de suspensão e umas chineladas quando cheguei em casa.
Condenei a todos. Eles foram injustos comigo. Não acreditaram em mim. Minha palavra naquele momento deveria ser considerada mais do que o que as provas que eles tinham. E eu achava que meu histórico não deveria ser usado naquele caso.
Mas com isso aprendi a tentar ser sincero sempre, para ter a humildade de reconhecer meus erros e a determinação de me defender quando houver necessidade.
Tenho conseguido os dois na maioria das vezes, mas ainda tenho - e sempre terei - essa maldita fome de atenção e um passado que pra sempre irá me condenar, não importa o que eu faça.
Nunca cabulamos nem uma aula sequer, muito dificilmente algum de nós faltava. O nosso negócio era bagunçar dentro da escola mesmo.
Tinha um quinto cara que estudava com a gente que era todo estiloso - infelizmente não estou conseguindo me lembrar do nome dele agora. Ele era o único que tinha um irmão mais velho. Portanto era ele quem trazia as novidades pra gente: uma roupa diferente, uma gíria nova, um som bacana.
Acho que nunca conheci esse cara pessoalmente, - dizem que ele chegou a namorar naquela época a cantora Rosana - 'Como Uma Deusa', lembram? - mas ele me apresentou, através do irmão dele, duas coisas que foram importantes e fundamentais para a minha formação: Foi a primeira vez que ouvi o “Rock sujo”, como Janis, Doors, Pink Floyd e outras coisas do tipo, umas que nunca mais ouvi e que não tenho a menor ideia de o que eram. Foi também a minha primeira experiência com as 'drogas', que se resumiam a um lança-perfume e a cola, o primeiro com uma certa frequencia desde o começo. A maconha, minha terceira droga, veio muitos anos depois.
Quando nosso amigo não ia pra escola – esse sim faltava muito – ou quando não conseguia arrumar o 'lança', íamos a uma casa de material de construção e ficávamos cheirando Cola Tigre. Ridículo!
Todos diziam que dava barato, mas tenho certeza que ficávamos apenas com uma puta dor de cabeça, mas não tínhamos coragem de assumir.
Algumas vezes a gente molhava as mangas do uniforme e ficávamos zonzos. Minutos depois estávamos na sala de aula fazendo a bagunça costumeira: guerra de papeis, pedaços de borracha soprados pelo caninho da caneta e algumas afrontas contra um ou outro professor. No recreio a já tradicional guerra de ovos cozidos. Acho que conheci, no máximo, 10 pessoas que realmente comiam os ovos. Eles não eram servidos pra isso.
A maioria da escola sabia, até porque não tínhamos a intenção nem a capacidade de esconder de ninguém. Na verdade, gostávamos de ver as pessoas nos olhando, umas com cara de admiração, outras com medo e outras com indiferença. O que nos importava era chamar a atenção. Porém ninguém nunca nos falou nada sobre isso.
Lembro-me que uma vez, durante uma prova, eu estava tão fora do normal que eu havia entrado na sala com a manga ensopada, cheirei na frente de todos e me levantei umas duas vezes pra conferir com um aluno se a resposta dele estava correta, pois a minha eu sabia que estava. A professora, talvez assustada ou apenas indiferente com mais um 'futuro delinquente', não fez absolutamente nada.
O Tata e eu éramos os mais inteligentes da nossa turminha. Tirávamos boas notas e nos dávamos bem com todos da escola. Hoje não sei dizer o que aconteceu com nenhum deles. Perdemos totalmente o contato.
Num determinado momento daquele ano letivo, surgiu a brincadeira de desenhar pintos na cadeira dos outros, ou 'passaralhos', pois era mais engraçado ainda quando alguém sentava sobre um pinto com asas. - Ah, que saudade dos tempos que eu ria de coisas como essa!
Eu confesso que já havia feito um ou dois desenhos. Mas havia entre nós um acordo de nunca fazermos desenho em carteiras perto das nossas pois - obviamente - nunca desconfiariam de alguém do outro lado da sala, certo?
Porém, havia na nossa classe um menino, cara de bobo, jeito de bobo, totalmente bobo que se sentava atrás de uma menina chata, cara de chata, jeito de chata, totalmente chata, metida à besta com seu narizinho empinado. Eu me sentava bem ao lado desse garoto. E ele, tão imbecil quanto todos nós, também fez o desenho do pinto voador, mas o fez na cadeira da chatinha, que por alguma razão não estava na sala. Ele, rindo - e quando ria ficava com mais cara de bobo ainda - disse para eu ver o que ele havia feito.
Por alguma estúpida razão, eu me abaixei, ainda segurando o meu lápis que usava para alguma atividade, fui ver de perto a 'obra-prima'.
Exatamente nesse momento, a garota entra na sala; nossos olhares se cruzam, ela se aproxima, não consigo disfarçar, ela olha para a cadeira, para minha mão trêmula segurando o lápis preto e no mesmo instante chama a professora para ver o que EU havia feito.
Falei que não havia sido eu. Chorei, jurei por Deus, pelos meus pais. Mas de nada
adiantou. Fui mandado pra diretoria.
Se houve algo 'nobre' foi que eu não entreguei o imbecil que fez o desenho, porque senão a coisa poderia ser pior, eu viraria o 'dedo-duro' e isso seria pior ainda.
Então, na verdade, foi mais uma questão de sobrevivência e também - por que não admitir - aquele velho desejo de chocar e chamar a atenção.
Minha mãe foi chamada. Ouvi um sermão, Tomei advertência, um dia de suspensão e umas chineladas quando cheguei em casa.
Condenei a todos. Eles foram injustos comigo. Não acreditaram em mim. Minha palavra naquele momento deveria ser considerada mais do que o que as provas que eles tinham. E eu achava que meu histórico não deveria ser usado naquele caso.
Mas com isso aprendi a tentar ser sincero sempre, para ter a humildade de reconhecer meus erros e a determinação de me defender quando houver necessidade.
Tenho conseguido os dois na maioria das vezes, mas ainda tenho - e sempre terei - essa maldita fome de atenção e um passado que pra sempre irá me condenar, não importa o que eu faça.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
A minha parte em cerveja, por favor...
Essa frase não é minha. É de um amigo que tenho o prazer de trabalhar de vez em quando.
Viajamos juntos a trabalho algumas vezes e, no final do 'expediente', é regra básica irmos a algum lugar pra jantar, contar histórias, bater papos filosóficos e, de quebra, tomar uma cervejinha (no caso dele, um pouco mais do que uma).
Nesse quesito, ele é imbatível. No fim da noite - praticamente de manhã -, ele se levanta e caminha quase como se tivesse tomado apenas suco a noite inteira.
Porém, ele tem algumas manias quando sai para beber com os amigos muito peculiares. A primeira é a de fazer questão de ser o último cliente a deixar o estabelecimento. Presenciei isso três vezes: a primeira em Campo Grande, a segunda no Sushi do Padre e a terceira há alguns dias, em Presidente Prudente, onde fomos transmitir mais uma emocionante partida do Campeonato Paulista.
Viajamos na noite anterior. E assim que chegamos, já fomos perguntando para o nosso motorista onde havia um bar legal por ali. Ele nos recomendou o 'Senhor Boteco', um point legal, cheio de molecada de faculdade, com som ao vivo e porções baratas e muito boas.
Assim que chegamos, eu pedi o cardápio e ele pediu a cerveja.
Bebemos e conversamos muito. Muitas histórias engraçadas, mas que infelizmente não poderão ser contadas aqui.
Depois de um tempo ele me pergunta: Will, que horas são? Eu respondo que são pouco mais de duas da manhã. Ele diz que ainda está cedo e continuamos a conversar. Sem entender nada e já ligeiramente zonzo - eu já havia tomado quase um copo - não perguntei o que ele quis dizer com aquilo.
Mais um tempo de conversa e eu, um pouco mais bêbado, ouço ele me perguntar novamente as horas. Eram 03h45. Ele diz: "Tá na hora! Empresta o seu telefone. Preciso ligar para minha namorada." Pergunto se ele realmente vai fazer isso e ele responde que ela já estava acostumuada. Dei o telefone a ele e, assim que ela atendeu, ele começou a fazer declarações apaixonadas - e alguns comentários mais picantes - para a coitada, que estava adorando, por incrível que pareça.
Quinze minutos de conversa e ele desliga. Pagamos a conta. Nos despedimos do dono do bar, de sua noiva que cuidava do caixa e do Cleber, o garçom que ficou até aquela hora por nossa causa. Prometemos que voltaríamos na noite seguinte, logo após o jogo.
Como prometido, assim que terminou o jogo, por volta da meia-noite, lá estávamos nós com uma porção de frango à passarinho e uma cerveja super gelada na mesa. E, novas histórias, mais risadas, críticas à banda que estava tocando e garrafas sendo esvaziadas numa velocidade impressionante.
4 e meia da manhã, mais uma vez apenas nós 5. Digo ao meu amigo que está na hora.
Pego o telefone, procuro o número na memória e faço a ligação.
Uma doce e sonolenta voz atende e diz: "Oi, meu amor"; eu respondo: "Oi, mas aqui é o amigo do seu amor. Tô ligando só pra dizer que gosto muito de você e que você não merece isso".
Ela deu aquela risada gostosa que eu já conhecia, e eu completei: "Parabéns! Como se não bastasse um bêbado te ligando de madrugada, agora você tem que aguentar um outro imbecil te enchendo o saco!"
Convesamos por alguns minutos - eu acho -, passei o telefone para o meu amigo que ria sem parar e combinamos que, a partir daquele dia, ligaríamos pra ela toda noite no final da balada.
Esta sim, é uma forma original de mostrar amor e admiração.
Viajamos juntos a trabalho algumas vezes e, no final do 'expediente', é regra básica irmos a algum lugar pra jantar, contar histórias, bater papos filosóficos e, de quebra, tomar uma cervejinha (no caso dele, um pouco mais do que uma).
Nesse quesito, ele é imbatível. No fim da noite - praticamente de manhã -, ele se levanta e caminha quase como se tivesse tomado apenas suco a noite inteira.
Porém, ele tem algumas manias quando sai para beber com os amigos muito peculiares. A primeira é a de fazer questão de ser o último cliente a deixar o estabelecimento. Presenciei isso três vezes: a primeira em Campo Grande, a segunda no Sushi do Padre e a terceira há alguns dias, em Presidente Prudente, onde fomos transmitir mais uma emocionante partida do Campeonato Paulista.
Viajamos na noite anterior. E assim que chegamos, já fomos perguntando para o nosso motorista onde havia um bar legal por ali. Ele nos recomendou o 'Senhor Boteco', um point legal, cheio de molecada de faculdade, com som ao vivo e porções baratas e muito boas.
Assim que chegamos, eu pedi o cardápio e ele pediu a cerveja.
Bebemos e conversamos muito. Muitas histórias engraçadas, mas que infelizmente não poderão ser contadas aqui.
Depois de um tempo ele me pergunta: Will, que horas são? Eu respondo que são pouco mais de duas da manhã. Ele diz que ainda está cedo e continuamos a conversar. Sem entender nada e já ligeiramente zonzo - eu já havia tomado quase um copo - não perguntei o que ele quis dizer com aquilo.
Mais um tempo de conversa e eu, um pouco mais bêbado, ouço ele me perguntar novamente as horas. Eram 03h45. Ele diz: "Tá na hora! Empresta o seu telefone. Preciso ligar para minha namorada." Pergunto se ele realmente vai fazer isso e ele responde que ela já estava acostumuada. Dei o telefone a ele e, assim que ela atendeu, ele começou a fazer declarações apaixonadas - e alguns comentários mais picantes - para a coitada, que estava adorando, por incrível que pareça.
Quinze minutos de conversa e ele desliga. Pagamos a conta. Nos despedimos do dono do bar, de sua noiva que cuidava do caixa e do Cleber, o garçom que ficou até aquela hora por nossa causa. Prometemos que voltaríamos na noite seguinte, logo após o jogo.
Como prometido, assim que terminou o jogo, por volta da meia-noite, lá estávamos nós com uma porção de frango à passarinho e uma cerveja super gelada na mesa. E, novas histórias, mais risadas, críticas à banda que estava tocando e garrafas sendo esvaziadas numa velocidade impressionante.
4 e meia da manhã, mais uma vez apenas nós 5. Digo ao meu amigo que está na hora.
Pego o telefone, procuro o número na memória e faço a ligação.
Uma doce e sonolenta voz atende e diz: "Oi, meu amor"; eu respondo: "Oi, mas aqui é o amigo do seu amor. Tô ligando só pra dizer que gosto muito de você e que você não merece isso".
Ela deu aquela risada gostosa que eu já conhecia, e eu completei: "Parabéns! Como se não bastasse um bêbado te ligando de madrugada, agora você tem que aguentar um outro imbecil te enchendo o saco!"
Convesamos por alguns minutos - eu acho -, passei o telefone para o meu amigo que ria sem parar e combinamos que, a partir daquele dia, ligaríamos pra ela toda noite no final da balada.
Esta sim, é uma forma original de mostrar amor e admiração.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Acho que estou voltando....
Quanta saudade deste lugar!
Como eu gostaria de visitá-lo mais vezes, falar sobre todas as coisas que se passam na minha cabeça.
Adoraria ter o dom de descrever tudo o que vejo e sinto com mais frequencia. Até porque vejo e sinto as mesmas coisas de maneiras totalmente diferentes de um dia para outro.
Meu último post foi no final de novembro do ano passado. Muita coisa aconteceu nesses mais de quatro meses. Nada de excepcional, mas uma ou outra nova experiência. Uma ou outra história bonita, ou engraçada, ou curiosa, até mesmo triste. Talvez hoje eu não seja mais capaz de descrevê-las. E isso me deixa frustrado.
Não sei ser um bom amigo. Nunca soube. Penso em todas as pessoas que eu quero bem, mas fico muito tempo sem procurá-las. Não telefono, não respondo e-mails, não visito ninguém - não me sinto bem na casa dos outros.
Mas, mesmo passando muito tempo, sempre acabo voltando pra ver, rever, viver e reviver pessoas e lugares especiais.
E o meu Jardim é, sem dúvida, um lugar muito especial.
Como eu gostaria de visitá-lo mais vezes, falar sobre todas as coisas que se passam na minha cabeça.
Adoraria ter o dom de descrever tudo o que vejo e sinto com mais frequencia. Até porque vejo e sinto as mesmas coisas de maneiras totalmente diferentes de um dia para outro.
Meu último post foi no final de novembro do ano passado. Muita coisa aconteceu nesses mais de quatro meses. Nada de excepcional, mas uma ou outra nova experiência. Uma ou outra história bonita, ou engraçada, ou curiosa, até mesmo triste. Talvez hoje eu não seja mais capaz de descrevê-las. E isso me deixa frustrado.
Não sei ser um bom amigo. Nunca soube. Penso em todas as pessoas que eu quero bem, mas fico muito tempo sem procurá-las. Não telefono, não respondo e-mails, não visito ninguém - não me sinto bem na casa dos outros.
Mas, mesmo passando muito tempo, sempre acabo voltando pra ver, rever, viver e reviver pessoas e lugares especiais.
E o meu Jardim é, sem dúvida, um lugar muito especial.
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