quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Aos 14

Sinto os raios de sol, mesmo nos dias chuvosos;
Você me prende sem fazer força, me sinto livre e feliz
A emoção dos 14 anos,
E a certeza de que tudo está no seu devido lugar.

Hoje é difícil dizer quem tem a idéia primeiro;
Os mesmos planos, as mesmas metas.
Um tempo atrás eu era o mendigo, o infeliz
Mas um ladrão me colocou no caminho certo.

Hoje não há silêncio,
Nem dor, nem dó, muito menos solidão;
Há 14 anos os fantasmas se foram.
e certamente nunca mais retornarão.

Os amigos passaram, alguns ficaram
Outros tantos ainda surgirão,
Mas no jogo apenas duas peças ficarão
lado a lado no tabuleiro.

Se alguém tivesse vivido metade da história
Saberia, como eu sei
Que realmente não custa nada tentar.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cante com Bjork & Charles Bronson

Essa canção eu conheci em 1985 e sua letra descreve com exatidão minha maneira de enxergar o mundo e o segredo de uma boa relação com as pessoas que amamos. Tem um forte apelo político e nos alerta claramente - e isso há mais de 20 anos! - dos riscos aos destruirmos nossas florestas. Publico a letra, embora sem muita necessidade, mas assim vocês podem cantá-la e decorá-la mais facilmente com essa dupla sensacional da música e da TV.

wakareta hito ni atta
wakareta shibuya de atta
wakaretatokito onaji ame no yoru datta
kasamosasazuni harajuku
omoidekattate akasaka
koibitodoushinikaette gurasu katamuketa

yappari wasurerarenai
kawaranu yasashii kotobade
watashio tutunndeshimau dameyo yowaikara

wakaretemo sukinahito
wakaretemo sukinahito

arukitainoyo takanawa
akariga yureteru tawa-omoigakenai hitoyo no
koino itazura ne
choppiri sabishii nogizaka
itumono hitotugi doori
kokode sayonara suruwa
ameno yorudakara

yappari wasurerarenai
kawaranu yasashii kotobade
watashiwo tutunnde shimau dameyo yowaikara

wakaretemo sukinahito
wakaretemo sukinahito
wakaretemo sukinahito

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ipod companheiro

Talvez seja a idade, talvez seja minha enorme timidez. Mas a verdade é que não consigo entender duas pessoas que não se conhecem começarem uma conversa numa fila qualquer.
Aproveitei que estou de férias este mês - e inclusive por isso tenho escrito pouco -, para transferir meu título de eleitor. Quando chego no cartório e me dirijo à fila, uma mulher se aproxima e puxa conversa; balanço a cabeça duas vezes e uso a tática do jogador de futebol: pego meu Ipod e coloco o fone no ouvido.
Não faço isso por maldade, é automático, um mecanismo de defesa. Apesar de ser leonino - pra quem acredita nessas coisas - e gostar de ser o centro das atenções, dispenso esse tipo de contato.
Meia hora depois vou ao mercado, e não demora muito para mais uma senhora se aproximar. Primeiro, como quem não quer nada, pergunta o preço da lata de atum; educadamente respondo já pressentindo o que está por vir. Dito e feito: na mesma hora começa a reclamar do calor, justifica a preferência por aquele mercado e por aquela marca; inclusive sugere que eu troque o suco que estou levando, pois o que ela toma é muito melhor e 'mais natural', além de ser mais barato. Agradeço a sugestão e me afasto, não sem antes olhar para o Ipod, como se ele fosse o culpado, e o coloco num volume ainda maior.
Saio de lá e vou até ao banco. E adivinhe: Sim! Mais uma senhora se aproxima para falar sobre o tempo ou sobre taxas ou sobre preços ou sobre qualquer outra coisa. Dessa vez não dou a menor chance a ela: começo a cantar em voz baixa a música que estou ouvindo, olhando para o outro lado. Ela percebe, deixa transparecer sua decepção mas em segundos se esquece de mim e se vira para um coitado que estava bem atrás dela e que não tinha nem sequer um mp3 player para salvá-lo.
Paguei minhas contas e antes de partir olhei para os dois que sorriam e falavam quase que ao mesmo tempo, tão envolvidos na conversa que a mulher nem percebeu que era a próxima a ser atendida.
A partir desse momento até quando cheguei na minha casa, vi várias pessoas que aparentemente não se conheciam conversando nos faróis, nas lojas e no meio da rua e isso foi suficiente para eu ter a certeza de que o problema era eu, se é que isso é um problema.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

C'est la vie

Quando meu filho tinha três anos, eu disse que ele não poderia mais dormir na minha cama, pois sua mãe estava com um nenezinho dentro da barriga e precisava de mais espaço. Ele disse que tudo bem, mas eu não acreditei, tinha certeza que pediria para dormir mais uma noite ao nosso lado. Porém, naquela mesma noite ele foi para o seu quarto, deitou-se em sua cama e adormeceu.
Eu fiquei na porta do quarto e fiquei lá até ele pegar no sono.
Encostado no batente da porta eu fiquei muito tempo depois que ele adormeceu. Então, comecei a chorar baixinho, para que ninguém me ouvisse. Havia me dado conta de que mais uma fase de nossas vidas havia se passado e que não voltaria nunca mais.

Minha filha chupava o dedo até pouco antes de completar 6 anos. Por causa de um machucado no céu da boca, ela parou e nunca mais voltou a colocá-lo na boca.
Apesar de saber que tivemos sorte por isso ter acontecido, a mesma sensação me invadiu e me entristeceu também. Outra fase havia passado.
Todas as manhãs ela acorda por volta de 6 horas e vai para o meu quarto se deitar comigo. Eu acordo e fico curtindo esses momentos que um dia também ficarão para trás.

Sabemos que essas coisas vão acontecer, e mesmo assim, quando acontecem, não é fácil ficar indiferente. Pelo menos não para mim.