Era uma nota de Cem Reais. Normal. Igual às outras notas de Cem Reais: Limpa, com cara de nova.
Havia saído há pouco de um caixa automático Bradesco da Av. Voluntários da Pátria, em Santana. Um homem a pegou e nem chegou a colocá-la na carteira. Foi direto para o bolso de sua calça; 10 minutos depois já estava dentro da gaveta de uma caixa registradora, numa lanchonete da Rua Leite de Moraes.
Mas era uma nota bonita demais, com cara de nova demais pra ficar ali, do lado das notas velhas e amassadas de dez Reais. Havia até notas de um Real e 2 Reais dividindo espaço com ela. Não merecia isso, não devia estar ali, não era justo. Ainda bem que o menino que a recebeu pensou o mesmo e deu um jeito de 'guardá-la' em outro lugar. Colocou-a, disfarçadamente, dentro da camisa do uniforme. Não era uma camisa muito limpa. Cheirava a gordura e suor. Por sorte não ficou lá por muito tempo.
Na verdade ficou apenas 15 minutos entre o tecido e a barriga do menino. Ficou aliviada ao sair de lá.
Não sabia realmente onde estava, parecia um banheiro, porém antes de ver melhor o ambiente, foi colocada dentro de uma carteira velha, azul clara, horrorosa, provavelmente comprada num camelô qualquer.
Pelo menos estava sozinha, e não acompanhada de nenhuma outra nota velha e desagradável.
Quando saiu de lá, instantes depois, se viu atravessando a rua e entrando numa casa de jogos, cheia de vídeo games e fliperamas. De relance avistou a fachada da lanchonete em que estava até poucos minutos atrás.
Como se fosse um lenço velho e sujo, foi jogado para dentro do bolso de uma blusa de moletom, onde de vez em quando o menino colocava a mão, como se fosse apenas para se certificar que ela continuava ali.
A nota acompanhava o vai e vem do menino pelo lugar e observava tudo. As pessoas, o barulho confuso vindo de máquinas onde haviam lutadores, naves espaciais, monstros, carros e motos correndo de alguém ou atrás de algo. Gostava do que via, mas sentiu medo de ser deixada lá.
De repente, teve aquele pressentimento de estar sendo observada. Olhou pra cima e viu um garoto encarando-a de uma forma tão intensa que chegou a pensar que o conhecia de algum lugar.
Antes de ter certeza se conhecia ou não o rapaz, foi agarrada com força por ele, que saiu correndo, abandonando o lugar, esbarrava nas pessoas que estavam no caminho; atravessou uma grande avenida, sem parar, sem olhar para os lados. Segurou a nota com força, sua mão começando a ficar suada.
O garoto parou de correr depois de um tempo, olhava constantemente pra trás e pela primeira vez abriu a mão e certificou-se do que havia nela.
Caminhou alguns minutos até chegar numa rua estreita, cheia de casas feitas de madeira e crianças correndo.
Entrou numa das casas e gritou, chamando por alguém; disse que queria mostrar algo que havia encontrado no chão.
A nota então foi libertada daquela porção de dedos e então, viu à sua frente um outro rapaz, maior que o dono da mão suada. Ele se aproximou e disse que precisava dela para pagar uma dívida no bar. A mão voltou a se fechar, mais forte dessa vez. A nota sentiu que estavam tentando tirá-la de lá.
Uma briga então começou, a nota caiu e passou a acompanhar toda a batalha de perto, a única testemunha. Socos e chutes foram desferidos sem parar. Um dos rapazes viu a nota e tentou pegá-la. O outro fez o mesmo.
Cada um segurou uma ponta da nota, que sentia a força vindo de cada lado. Começou a temer por sua existência.
Num gesto rápido, sem se dar conta do que aconteceu, sentiu algúem puxar com força e se viu dividido ao meio.
Num acesso de fúria, um dos rapazes pegou a metade que estava em sua mão e a rasgou em pedacinhos. Correu até o banheiro, jogou-os na privada e deu a descarga.
A outra metade foi jogada no chão, e ficou lá, abandonada. Viu os dois se afastando e, antes de perder a consciência, viu na beira da mesa uma nota de um Real, encarando-a e rindo da sua desgraça.
Havia saído há pouco de um caixa automático Bradesco da Av. Voluntários da Pátria, em Santana. Um homem a pegou e nem chegou a colocá-la na carteira. Foi direto para o bolso de sua calça; 10 minutos depois já estava dentro da gaveta de uma caixa registradora, numa lanchonete da Rua Leite de Moraes.
Mas era uma nota bonita demais, com cara de nova demais pra ficar ali, do lado das notas velhas e amassadas de dez Reais. Havia até notas de um Real e 2 Reais dividindo espaço com ela. Não merecia isso, não devia estar ali, não era justo. Ainda bem que o menino que a recebeu pensou o mesmo e deu um jeito de 'guardá-la' em outro lugar. Colocou-a, disfarçadamente, dentro da camisa do uniforme. Não era uma camisa muito limpa. Cheirava a gordura e suor. Por sorte não ficou lá por muito tempo.
Na verdade ficou apenas 15 minutos entre o tecido e a barriga do menino. Ficou aliviada ao sair de lá.
Não sabia realmente onde estava, parecia um banheiro, porém antes de ver melhor o ambiente, foi colocada dentro de uma carteira velha, azul clara, horrorosa, provavelmente comprada num camelô qualquer.
Pelo menos estava sozinha, e não acompanhada de nenhuma outra nota velha e desagradável.
Quando saiu de lá, instantes depois, se viu atravessando a rua e entrando numa casa de jogos, cheia de vídeo games e fliperamas. De relance avistou a fachada da lanchonete em que estava até poucos minutos atrás.
Como se fosse um lenço velho e sujo, foi jogado para dentro do bolso de uma blusa de moletom, onde de vez em quando o menino colocava a mão, como se fosse apenas para se certificar que ela continuava ali.
A nota acompanhava o vai e vem do menino pelo lugar e observava tudo. As pessoas, o barulho confuso vindo de máquinas onde haviam lutadores, naves espaciais, monstros, carros e motos correndo de alguém ou atrás de algo. Gostava do que via, mas sentiu medo de ser deixada lá.
De repente, teve aquele pressentimento de estar sendo observada. Olhou pra cima e viu um garoto encarando-a de uma forma tão intensa que chegou a pensar que o conhecia de algum lugar.
Antes de ter certeza se conhecia ou não o rapaz, foi agarrada com força por ele, que saiu correndo, abandonando o lugar, esbarrava nas pessoas que estavam no caminho; atravessou uma grande avenida, sem parar, sem olhar para os lados. Segurou a nota com força, sua mão começando a ficar suada.
O garoto parou de correr depois de um tempo, olhava constantemente pra trás e pela primeira vez abriu a mão e certificou-se do que havia nela.
Caminhou alguns minutos até chegar numa rua estreita, cheia de casas feitas de madeira e crianças correndo.
Entrou numa das casas e gritou, chamando por alguém; disse que queria mostrar algo que havia encontrado no chão.
A nota então foi libertada daquela porção de dedos e então, viu à sua frente um outro rapaz, maior que o dono da mão suada. Ele se aproximou e disse que precisava dela para pagar uma dívida no bar. A mão voltou a se fechar, mais forte dessa vez. A nota sentiu que estavam tentando tirá-la de lá.
Uma briga então começou, a nota caiu e passou a acompanhar toda a batalha de perto, a única testemunha. Socos e chutes foram desferidos sem parar. Um dos rapazes viu a nota e tentou pegá-la. O outro fez o mesmo.
Cada um segurou uma ponta da nota, que sentia a força vindo de cada lado. Começou a temer por sua existência.
Num gesto rápido, sem se dar conta do que aconteceu, sentiu algúem puxar com força e se viu dividido ao meio.
Num acesso de fúria, um dos rapazes pegou a metade que estava em sua mão e a rasgou em pedacinhos. Correu até o banheiro, jogou-os na privada e deu a descarga.
A outra metade foi jogada no chão, e ficou lá, abandonada. Viu os dois se afastando e, antes de perder a consciência, viu na beira da mesa uma nota de um Real, encarando-a e rindo da sua desgraça.
Baseado em fatos reais.
Um comentário:
Passarei sempre por aqui. Adoro ler blogs!
Beijos Willlllll
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