sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

ESCONDERIJO

Não adianta, atrasado, alienado.
Quanto sono, estou cansado.
É preciso fazer o que melhor faço.

Ainda é cedo, está na hora. É agora!
Apago as luzes, encaro os fatos,
Deixo o bom senso de lado e te abraço.

Uma, duas, três,
Talvez mais, talvez seis.

Enquanto aguardo o efeito desejado,
Penso no presente, relembro o passado,
E, num instante, no breu desabo, sinto meu corpo relaxado.

Uma, duas, três,
Talvez mais, talvez seis.

Acorda, Roger Smith! Abra os olhos, desperte, aguente!
Um dia igual, normal... somente,
Queria aproveitar mais o pouco que restou,
Pra não esquecer o que faço de melhor.

O tempo passa, ao meu redor tudo se repete,
O cansaço, os pesadelos... a coragem que se esvai.
Abro a porta, fecho os olhos,
A vontade me domina, me vence, me convence,
Que está na hora de partir novamente.

E lá vamos nós para uma nova viagem,
Volto pro meu lugar, meu refúgio, meu esconderijo,
Onde o destino se perde no caminho,
Onde me perco, onde me acho... sozinho.

Quando, mais tarde, novamente desperto,
Em meio a loucura e a semi lucidez do momento,
Vivo entre querer que esse ciclo termine,
E torcendo pra que meu sol ilumine.

Uma, duas, três,
Talvez mais, talvez seis.



terça-feira, 5 de maio de 2015

QUANDO ÉRAMOS AMIGOS

Quando éramos amigos, eu podia te olhar
te abraçar e sorrir ao seu lado
De mãos dadas, conversávamos sobre nós e sobre o mundo

Quando éramos amigos, não havia medo,
tudo podia ser dito e feito
E o tempo não era tão cruel quando estávamos separados

Antes era diferente, agora está tudo diferente.

Ontem éramos amigos,
E hoje não te olho mais nos olhos,
Não consigo ser eu mesmo
e já nem sei mais quem sou.

A sinceridade se foi,
e as frases não se completam naturalmente.

Eu tento entender, te mostrar tudo o que sinto
Mas não encontro as palavras, o silêncio constrange
a saudade sufoca, sua ausência machuca
A distância incomoda, não consigo esquecer

Queria te falar dos meus sonhos
mas passo as noites em claro
Contando as horas para estar ao seu lado
Torcendo pra que a magia não tenha acabado

Meu dia agora é curto, não tem mais 24 horas
Só começa quando eu te vejo
e acaba quando você vai embora

Um beijo nos separou, um beijo nos uniu
E quando abrimos os olhos, nos vimos refletidos
com as mesmas dúvidas, mesmos medos e desejos
E nos meus delírios eu sei que é tudo verdade

Antes era diferente, agora está tudo diferente.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

DESCRIPTIO

Sou eu, ou sou um outro alguém, não sei quem... eu não sou ninguém.
Eu não tenho dono, não pertenço a ninguém,
Eu não sou triste, tenho a tristeza em mim;
Eu sou mais feliz do que todos vocês.
Sou quem quero ser, eu sou hoje ou quando quiser.
Eu sou paixão, verdade, depressão,
Sou perdido, sou caminho, sou confusão.
Sou explícito, sou direto, sou convicção,
Sou uma mentira, sou a contradição.

Descrevo todas as cores no cinza ao meu redor.
Não tenho tamanho, não sou pior... ou melhor.
Com os olhos fechados, enxergo tudo o que não me cega
Minhas ideias sem sentido, meus cenários reais e surreais.
Minhas mensagens secretas, meus 'para sempre' e os meus 'jamais'
A alegria sincera, a mentira bem contada
O personagem fictício que vive na sua casa.

Eu sou a peça que falta no seu quebra-cabeça.
Eu sou vazio, sou vago, sou deserto, sou certeza.
Não posso ser rotulado, temos tanto em comum.
Sou muitos, sou todos, e às vezes não sou nenhum.
Inspirado, pobre plágio, repetitivo, original
Um pensamento, um poema, um desabafo natural.
Não sou quem eu sou, não sou o que você vê
Sou a metáfora, o escracho, manipulo você
Sou ladrão de mim mesmo, um alguém sem valor
Criador, criatura, pecado e pecador.

Histórias mal contadas, histórias de amor
Humor negro, abstrato, eterno fingidor.
Rimas, métricas, sentidos, espaços
Mistura de ideias, invenção de fatos
Sou homem, menino, sou forte, sou fraco
Sou um cão vira latas, um monstro, uma farsa,
Um rato, um herói, um chato sem graça

Sou sonho, ilusão, devaneio, delírio
Sou dócil, inocente, sou frio, sombrio.
Sou tudo de um pouco, incompleto, inacessível
Viciado, usado, corruptor, incompreensível
alienado, moribundo, um lugar qualquer do mundo
Sou silêncio, barulho, sou mudo
Sou eu: um pouco de tudo....

quarta-feira, 25 de março de 2015

HOW CAN I?

How can I tell you that you're amazing?
How can I measure all my love for you?
How can I explain to you these feelings?
How can I prove to you that it's all true?

How can I ask you to be with me?
How can I show you how much i need you?
How can I tell you that i miss you?
What can I do to show you all i wanna do with you?

How can I? How can I? How can I prove my love for you?
How can I? How can I? What can I do to always be with you?

sexta-feira, 6 de março de 2015

TEMPOS IGUAIS

Ontem te conheci, olhei pra você, você olhou pra mim e logo me ignorou;
Ontem eu observei com inveja a coragem daquele que de você se aproximou, 
Ontem eu fiquei com raiva, pois seu coração a ele você entregou, 
Ontem você começou seu sonho, e fazendo isso, parte do meu acabou.

Hoje, finalmente, eu te falei quase tudo o que sempre quis, desde o dia em que te conheci.
Hoje você sabe que eu te amava, e te ignorava por não saber como agir.
Hoje me arrependo de não ter tentado, ter simplesmente deixado você partir;
Hoje queria você do meu lado, seu abraço apertado. Queria você aqui.

'Amanhã vai ser outro dia', dizia Chico - Vai passar,
Amanhã certamente vou me questionar se fiz certo ao me declarar,
Amanhã, minha amiga, não tenha dúvidas, nada vai mudar,
Amanhã, como ontem e hoje, ainda irei te amar.

quarta-feira, 4 de março de 2015

O CONTO DO MÉDICO ÁRABE



Cinco e pouco da tarde de uma quinta-feira; estávamos saindo do trabalho, eu e mais uns 4 ou 5 amigos. O dia estava bonito e o sol ia aos poucos desaparecendo atrás dos belos prédios da zona sul de São Paulo.


Estávamos falando cada um sobre alguma coisa sem importância quando alguém sugeriu que fôssemos tomar algumas cervejas, falar mal dos chefes ou ver algumas garotas. Algo que fazíamos há uns cinco anos, desde os meus primeiros dias de trabalho naquela empresa.


Fui o primeiro a sair, queria muito fumar um cigarro. Passei meu crachá na catraca sem parar de falar bobagens para os que estavam atrás de mim.


Acendi meu cigarro e fiquei esperando o pessoal sair.
Enquanto esperava, olhei pra avenida e achei um pouco estranho, pois naquele momento os dois sentidos da avenida estavam calmos, algo muito incomum naquele horário, não passava praticamente nenhum carro. Pensei nisso por alguns segundos, mas quando todos se juntaram novamente, lá estava eu rindo, agindo e me divertindo como um adolescente novamente, falando bobagens para os outros.


Se fôssemos para o lado esquerdo, em 50 metros estaríamos numa esquina onde, do outro lado da rua estava o bar cheio de tantas histórias de tantos encontros em tantas tardes sem fim como aquela. Se atravessássemos a avenida, logo em frente ficava o ponto de ônibus, meio de transporte que todos nós usávamos naqueles dias.


Ficamos na porta da empresa tentando decidir nosso destino, quando, do nada, uma correria começou na calçada onde a gente estava, muito perto ou no ponto de ônibus que seguia para o extremo sul da cidade. Percebi algumas poucas pessoas gritando e correndo. Tentei entender o que estava acontecendo, mas, com uma descarga gigantesca de adrenalina somando a minha covardia, saí correndo sem nem sequer olhar pra trás. Lembrei-me da avenida vazia e automaticamente comecei uma corrida, tentando atravessá-la o mais rápido possível para me esconder atrás de algum carro estacionado do outro lado, perto do ponto de ônibus, até saber o que deveria fazer.


Não vi para onde meus amigos foram, apenas um deles, que optou pela mesma tática que a minha. Estávamos distantes uns 20 metros um do outro, porém ele já estava agachado e protegido atrás de um carro. Gritou algo pra mim, mas não consegui entender por causa do barulho dos tiros que não paravam um segundo sequer.


Corria o mais rápido que minhas pernas permitiam e, quando já estava nos metros finais, quase terminando de cruzar a avenida, a pouquíssimos metros de um carro cinza estacionado onde eu já me imaginava salvo, senti algo quente atravessando meu pescoço. Perdi o equilíbrio e meu corpo caiu no chão sem nada que eu pudesse fazer.


É clichê, eu sei, mas tudo realmente pareceu acontecer em câmera lenta.


Meu rosto bateu forte contra o chão. Não lembro disso, mas sei que foi isso o que aconteceu.
Eu estava caído, de bruços; sentindo o sangue se esvaindo do meu corpo. Meus olhos continuavam abertos, olhavam parte do asfalto, e mais distante e sem foco, a catraca que eu passei sorrindo há quase uma vida atrás.


Não vi mais nada, não ouvi mais nada. E, sem ouvir meu último suspiro, morri ali, alguns instantes depois.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Crazy - Parte I

Talvez seja impossível escrever sobre você,
São muitas coisas que ninguém pode saber
Tantas razões para eu nunca te dizer
Que te amo, que não vivo sem você!

Fodeu, falei! O que acontece daqui pra frente?
Talvez você saia da minha vida, mas não sairá da minha mente,
Exagerei, e não sei agora o que eu faço
Quem sabe mentir? Reverter esse meu embaraço.

Já sei! vou dizer que é brincadeira
Ou que é amor puro, fraternal
Afinal, somos amigos há tanto tempo
E eu falar bobagens, você sabe: é tão normal!

O que não posso permitir, nem tampouco imaginar
É te perder, não poder nem mesmo te ligar
Não te ver de vez em quando, nunca mais te abraçar
Não ter mais o seu carinho, não admirar o seu olhar.

E aí? Te enganei em algum momento?
Ou você desconfiou desde o início?
Talvez não lembra depois de tanto tempo,
Que mentir é um dom, é meu maior vício.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

ALGO MAIS

É algo entre o saber e o pensar que tudo sabe;
É o sentir e o não ter palavras para descrever;
É falar quando o silêncio seria o bastante;
É saber esperar o que nunca irá acontecer;

Não se queixar dos que agem como você;
Não perder o equilíbrio quando se perde o chão;
Manter o olhar fixo sem acusar o golpe;
Não deixar de amar pelo medo da desilusão.

É sobre o tempo que não passa... devagar.
Sobre o efeito de quem perde sem apostar;
O vácuo do que és e de onde deveria estar;
O ódio que se sente por ainda se apaixonar.

Olhar tão intensamente a ponto de ignorar,
Pensar sem parar, sem sair do lugar

É tudo entre o tudo e o nada
É o nada entre o perto e o inalcançável
É a fusão do perene com o perecível,
Sou eu: derrotado, invencível.
É o início, e a intenção de nada começar,
O fim de tudo, mesmo antes de tudo acabar.