segunda-feira, 31 de agosto de 2009

As pessoas boas do mundo

Quando fico sabendo de histórias como a que vou contar a seguir, tenho a certeza de que há muitas pessoas boas neste mundo esperando o momento para fazer o bem.
Seja com uma palavra, um sorriso ou até mesmo com um gesto de carinho sem esperar o mesmo de volta.

Um amigo me contou recentemente que, há algumas semanas, teve que trabalhar em uma cidade próxima.
O motorista já estava a sua espera, assim como o outro colega que iria junto.
Entraram numa Topic e seguiram viagem.
Ele já estava há muitos dias sem folga, havia tido uma semana inteira de muito trabalho, muitas cobranças, poucas horas de sono e praticamente nenhuma de lazer.
Sentia-se irritadiço, mal-humorado, insatisfeito e nervoso.
Era uma tarde de quinta-feira, e teria que voltar ainda no mesmo dia, tarde da noite. Mais um motivo para estar desanimado.
Foi calado da hora em que entrou no carro até quando chegou ao local de trabalho.
Assim que desceu do carro, por volta das 17h, encontrou uma amiga que havia conhecido cerca de dois meses antes.
Ela ficou feliz em revê-lo, sorria e falava sem parar. Meu amigo, com muita boa vontade, porém sem muita paciência, tentava corresponder da melhor maneira que podia.
Num determinado momento ela parou de falar, olhou bem nos olhos dele e viu, talvez pela primeira vez, que ele não estava bem.
Pegou sua mão, e perguntou se havia algum lugar onde poderiam conversar mais reservadamente. Estavam numa calçada com várias pessoas ao redor, carros passando, vendedores ambulantes. Nenhuma privacidade.
Ele olhou ao redor, mas não havia o que fazer, não havia lugar para onde ir.
Antes que ele respondesse para ela, seu motorista, o grande Belchior, apareceu e disse que iria tomar um café na padaria e perguntou se ele não queria dar uma descansada no carro, já que haviam chegado muito cedo.
Com uma piscadinha discreta, entregou a chave da Topic e se retirou sem olhar para trás.
A moça, cheia de amor e de boas intenções no coração, pegou a chave de sua mão e seguiu até o veículo.
Os dois então entraram no carro, fez-se silêncio por um longo período. Ela estava empenhada em aliviar todo o estresse que o amigo estava sentindo.
Depois de alguns minutos, e ainda em silêncio, os dois saíram do carro.
Ele, agora mais relaxado e visivelmente emocionado, agradeceu pelo carinho; e aquele anjo bom, sorriu e afastou-se lentamente, feliz por ter ajudado mais um ser humano carente, que precisava apenas de um pouco de atenção.