sábado, 13 de dezembro de 2008

Ipod companheiro

Talvez seja a idade, talvez seja minha enorme timidez. Mas a verdade é que não consigo entender duas pessoas que não se conhecem começarem uma conversa numa fila qualquer.
Aproveitei que estou de férias este mês - e inclusive por isso tenho escrito pouco -, para transferir meu título de eleitor. Quando chego no cartório e me dirijo à fila, uma mulher se aproxima e puxa conversa; balanço a cabeça duas vezes e uso a tática do jogador de futebol: pego meu Ipod e coloco o fone no ouvido.
Não faço isso por maldade, é automático, um mecanismo de defesa. Apesar de ser leonino - pra quem acredita nessas coisas - e gostar de ser o centro das atenções, dispenso esse tipo de contato.
Meia hora depois vou ao mercado, e não demora muito para mais uma senhora se aproximar. Primeiro, como quem não quer nada, pergunta o preço da lata de atum; educadamente respondo já pressentindo o que está por vir. Dito e feito: na mesma hora começa a reclamar do calor, justifica a preferência por aquele mercado e por aquela marca; inclusive sugere que eu troque o suco que estou levando, pois o que ela toma é muito melhor e 'mais natural', além de ser mais barato. Agradeço a sugestão e me afasto, não sem antes olhar para o Ipod, como se ele fosse o culpado, e o coloco num volume ainda maior.
Saio de lá e vou até ao banco. E adivinhe: Sim! Mais uma senhora se aproxima para falar sobre o tempo ou sobre taxas ou sobre preços ou sobre qualquer outra coisa. Dessa vez não dou a menor chance a ela: começo a cantar em voz baixa a música que estou ouvindo, olhando para o outro lado. Ela percebe, deixa transparecer sua decepção mas em segundos se esquece de mim e se vira para um coitado que estava bem atrás dela e que não tinha nem sequer um mp3 player para salvá-lo.
Paguei minhas contas e antes de partir olhei para os dois que sorriam e falavam quase que ao mesmo tempo, tão envolvidos na conversa que a mulher nem percebeu que era a próxima a ser atendida.
A partir desse momento até quando cheguei na minha casa, vi várias pessoas que aparentemente não se conheciam conversando nos faróis, nas lojas e no meio da rua e isso foi suficiente para eu ter a certeza de que o problema era eu, se é que isso é um problema.

5 comentários:

Flavinha disse...

Heheheh, eu adoro conversar com um desconhecido huahuah mas dificilmente eu puxo assunto.
A ultima vez que eu puxei assunto com uma pessoa, foi com um tiozinho que estava aqui no elevador do trampo. Ai eu bla bla bla, pá pá pá com o cara. Ele olhava pra mim e sorria mas não respondia nada.
Quando ele desceu no andar dele, entendi pq ele não conversava comigo, ele era gringo. Saiu falando em ingles com a recepcionista da empresa dele.
Huahauhau

Anônimo disse...

desde a primeira vez que vi vc com ipod disse: "tá ficando anti-social, will?"... daí percebi que vc agora escuta com apenas um fone na orelha... um ouvido na música e outro na conversa. rs

Flavinha disse...

E vc ainda nao entrou no meu blog

Anônimo disse...

Willy, certa vez aprendi algo sensacional quanto às pessoas não se conhecerem.
Alguém estava caido na calcada e passando mal. Um cidadão convocou outras pessoas para atender ao que passava mal e recebeu a seguinte pérola: NÀO VOU AJUDAR PORQUE NÀO CONHECO ESSE CARA.

Irritado, o que estava disposto a ajudar disse: E PARA UM ATO DE AMOR É PRECISO QUE SE CONHECA ALGUÉM?????

Foi uma grande licão para este jovem mancebo que vos escreve.

beijo na face !!!!

jei jei

Márcia disse...

Adorei seu blog!! Adoro ler ouvir histórias!!!Já tive medo de gente nossaaa e hj sou professora e falo muiiiito hehehe....